A viagem
Há
um mundo maior e distante desta esfera
onde o farol da vida se acende deslumbrante
um recanto onde a morte não impera
e onde as horas se medem pelo instante.
São
degraus de uma escada interminável
ninhos de luz muito além do entendimento
onde seres de uma beleza incomparável
recriam sem cessar o firmamento.
Se
sonhas chegar um dia a essa paragem
investe o próprio coração nessa viagem
e, com a caridade, tece e borda o teu vestido...
pois
não entrareis jamais nessa cidade
sem o traje do amor e da humildade
e sem o passaporte do dever cumprido.
Manoel de Andrade, poesia
Barco de papelonde o farol da vida se acende deslumbrante
um recanto onde a morte não impera
e onde as horas se medem pelo instante.
ninhos de luz muito além do entendimento
onde seres de uma beleza incomparável
recriam sem cessar o firmamento.
investe o próprio coração nessa viagem
e, com a caridade, tece e borda o teu vestido...
sem o traje do amor e da humildade
e sem o passaporte do dever cumprido.
Manoel de Andrade, poesia
Quem sabe por tantos barcos
navegarem a minha infância
herdei essa enorme ânsia
por navios, terras e mares.
Nesse mar dos meus pesares
meu porto é uma ilha perdida
e assim naveguei na vida
passageiro do horizonte.
Hoje pergunto a mim mesmo
se não remei sempre a esmo
a bordo do meu batel...
com meu sonho de criança
navegando a esperança
num barquinho de papel.
Curitiba, 16 de Dezembro de 2004
Manoel de Andrade, in Cantares, Escrituras Editora, Brasil, 2007
O teu tesouro
Além, muito além desta paisagem,
numa realidade apenas pressentida
compreenderás ao fim dessa viagem
de onde vens e pra onde vais, na vida.
No torvelinho incessante dos destinos
cada um com seu papel nessa ribalta
semeando a ventura ou os desatinos
colherás o que te sobra ou que te falta.
Viandante dos caminhos milenares
aprendeste na decepção e nos pesares
que “nem tudo o que reluz é ouro”.
Guarda-te pois das ciladas da ilusão
porque “aonde estiver teu coração,
ali estará também o teu tesouro”.
Manoel de Andrade, Poesia
Além, muito além desta paisagem,
numa realidade apenas pressentida
compreenderás ao fim dessa viagem
de onde vens e pra onde vais, na vida.
No torvelinho incessante dos destinos
cada um com seu papel nessa ribalta
semeando a ventura ou os desatinos
colherás o que te sobra ou que te falta.
Viandante dos caminhos milenares
aprendeste na decepção e nos pesares
que “nem tudo o que reluz é ouro”.
Guarda-te pois das ciladas da ilusão
porque “aonde estiver teu coração,
ali estará também o teu tesouro”.
Manoel de Andrade, Poesia
Sobre o Autor
"Manoel de Andrade nasceu em Rio Negrinho, SC, em 1940. Formado em Direito pela UFPR, em 1965 conquista o 1º lugar num Concurso de Poesia Moderna em Curitiba. Nesse ano, ao lado de Helena Kolody, João Manuel Simões, Paulo Leminski, Hélio de Freitas Puglielli e outros, participa da Noite da Poesia Paranaense, no Teatro Guaíra. Em 1968, sua poesia é lançada nacionalmente pela Revista Civilização Brasileira e com Dalton Trevisan e Jamil Snege é apontado pelo jornalista Aroldo Murá, como um dos três destaques literários daquele ano, no Paraná.
Perseguido pela ditadura por sua poesia, foge do Brasil em 1969 e peregrina pela América, escrevendo e divulgando sua obra. Em 1970, seu primeiro livro, POEMAS PARA LA LIBERTAD, e publicado na Bolívia e posteriormente na Colômbia, EUA e Equador.
Atravessou 15 países convulsionados pelas lutas guerrilheiras, promovendo debates e declamando seus versos em universidades, teatros, festivais de cultura, congresso de poetas, reuniões públicas e clandestinas. Expulso da Bolívia em 1969, preso e expulso do Peru e da Colômbia em 1970, sua militância política é avaliada pelo destaque que lhe deram os mais importantes jornais latino-americanos e as agências de informações, como AP e UPI, noticiando ao mundo sua trajetória e seus aclamados recitais.
Em 1972 volta ao Brasil e, novamente procurado pela ditadura, passa a viver no anonimato distanciando-se por 30 anos da criação literária. Volta a escrever em 2002 e em 2007 publica CANTARES, seu primeiro livro publicado no Brasil. Em 2009 POEMAS PARA A LIBERDADE é publicado numa edição bilíngue e em 2014 lança seu livro NOS RASTROS DA UTOPIA: Uma memória crítica da América Latina nos anos 70.("As palavras no espelho" , Escrituras Editora, São Paulo, 2018
.
Obras do autor:Poemas para la Libertad
Comité Central Revolucionário Universidad Mayor de San Andrés - La Paz - Bolívia - 1970
Canción de amor a América y otros poemas
A.G.E.U.S y Promoción Cultural Universidad de El Salvador – San Salvador, 1971
Poesía latinoamericana – Antología Bilingüe
Latin-American Poetry – Bilingual Anthology
(Coletânea de Autores) Epsilon Editores de México – Bogotá, 1998
Próximas palavras
(Coletânea de Autores) Quem de Direito, Curitiba, 2002
Cantares
Escrituras Editora, São Paulo, 2007
Nos Rastros da Utopia
Escrituras Editora, São Paulo, 2014
As palavras no espelho
Escrituras Editora, São Paulo, 2018
Gratidão por embalar nossas almas com o encanto de seus versos.
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