Os tempos, as vontades , as memórias
mudam-se e também a confiança.
Tudo se muda e as antigas glórias .
mudam, ferem fundo a lembrança.
mudam-se e também a confiança.
Tudo se muda e as antigas glórias .
mudam, ferem fundo a lembrança.
Chegamos onde chegamos , feridos.
Lembrado, o fulgor vivo, perdido,
gosto no fluir dos anos seguidos,
vela o viço hoje desaparecido.
Lembrado, o fulgor vivo, perdido,
gosto no fluir dos anos seguidos,
vela o viço hoje desaparecido.
Já a neve fria deita o seu manto
nocturno sobre o que ontem foi dia
assim cessa o explodir do nosso canto.
nocturno sobre o que ontem foi dia
assim cessa o explodir do nosso canto.
Muda-se a noite após mudar-se o dia,
tudo se muda, até nosso espanto:
certa permanece a nossa agonia.
Estocolmo, 1977
Eugénio Lisboa, in A matéria Intensa, Editora Peregrinação, Abril de 1985, p 33
tudo se muda, até nosso espanto:
certa permanece a nossa agonia.
Estocolmo, 1977
Eugénio Lisboa, in A matéria Intensa, Editora Peregrinação, Abril de 1985, p 33
A África, onde nasci, sobrava.
Era África por todos os lados,
olhava-se e nunca mais acabava,
nasciam pra sempre laços sagrados.
Nascer ali era ver o começo
de tudo: a areia da praia, o mar,
a chuva grossa, o sol quente, sem preço,
os mistérios do sexo a acenar.
A grandeza prometia grandeza,
os sonhos em nós não eram mesquinhos!
Visávamos grande, com a certeza
de irmos abrir bem novos caminhos!
Estar bem dentro daquele continente
não era dado a pequenina gente!
17.03.2024
Eugénio Lisboa, (poema inédito)
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