À atenção do ministro da Administração Interna, o actual e o vindouro,
das Autoridades de Segurança,
da Polìcia e da Guarda Republicana
por Eugénio Lisboa
“Vai por aí um grande reboliço, da parte das forças
de segurança, acompanhado do brouhaha dos comentadores, com as ditas forças,
cheias de muita razão, por um lado, mas completamente cegas, para outros seus
interesses vitais.
Tudo anda à volta de se ter dado aos da Polícia
Judiciária um aumento do “subsídio de risco” e aos da Polícia de Segurança não.
Vejamos o famoso “subsídio de risco”, de que toda a
gente fala, como se fosse uma evidência. Cobrir o risco de vida (real), de
agentes de uma profissão perigosa, com um subsídio mensal é uma total inépcia,
que deveria saltar aos olhos do mais desprevenido, mas, aparentemente, não
salta. Vou dar só um exemplo: ao fim de dois meses de ter dado entrada nas
forças de segurança, um agente, enviado para uma missão perigosa, é baleado e
morre. Terá, então, recebido dois subsídios de risco, respeitantes aos dois meses
de serviço. Pergunto: é com isso que a sua viúva vai sobreviver? Mas, em vez de
dois meses, ponham dois, três, cinco anos, a minha pergunta vale na mesma. Até
porque o subsídio de risco, que não passa de um disfarçado aumento de salário,
não terá sido cautelosamente posto de lado, mas consumido, nas despesas
correntes do mês, por ser necessário. E com uma agravante: trata-se de um
disfarçado aumento de salário, que não contará para a reforma: outra péssima
consequência. O risco de vida, que, repito, é muito real, só poderá ser
eficazmente coberto, por meio de um seguro colectivo, garantindo à família do
agente morto ou incapacitado, em serviço, uma reparação muito mais decente,
seja qual for o seu tempo de serviço.
Por outro lado, se o subsídio de risco apenas
representa, como sucede, que há uma insuficiência salarial, dê-se aos agentes
um verdadeiro aumento salarial e não um inepto “subsídio de risco”… É preciso
dar às forças armadas condições de trabalho e de vida decentes, mas é também
necessário acautelá-las, a sério, contra a perigosidade das suas funções. O
“subsídio de risco” não cobre coisa nenhuma, apenas finge de aumento salarial,
sem repercussão na reforma. Os nossos abundantes comentadores encartados ainda
não viram isto? Acham que o problema se resolve com equiparações de inépcias?”
Eugénio Lisboa, 12.01.2024
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