Alepo, Síria |
A ignomínia
A Rússia de Putin continua a
ser o senhor da guerra, ante a passividade de outras nações
por Baptista-Bastos, em 21.12.2016
“Não há palavras que castiguem os
malefícios que o Daesh praticou, durante quase seis anos, em Alepo, na Síria.
Ainda por cima com a cumplicidade da Rússia de Putin, e o silêncio pechisbeque
de outros países. Nunca o vocabulário desta gente esteve tão próximo e a
transversabilidade das suas práticas políticas tão comuns como agora. A afronta
atingiu milhares de pessoas, e também nunca o chão sagrado de Alepo foi objecto
de vandalismo tamanho. A União Europeia deu, uma vez mais, provas da sua
insensibilidade tacanha, e o crime hediondo, prolongado dos mecanismos já
presentes, em outras circunstâncias, pelo Daesh, obteve o silêncio miserável
dos vinte e sete países que a compõem.
Alepo é um território sagrado, e a história do seu chão e das suas pessoas é
mais longa do que a história do cristianismo. Sei muito bem, por as ter
estudado e, em alguns casos, nelas ter participado como correspondente, que
nenhuma guerra tem vencedores: sempre vencidos - e que quem sofre são sempre as
classes mais baixas. Poucas coisas se alteram para aqueles que pouco ou nada
tiveram, a não ser o infortúnio e a morte.O que acontece na Síria e, no caso
corrente, em Alepo, é o desmando de um tirano, Bashar Al-Assad, que as
circunstâncias históricas converteram num santo de pau carunchoso, e que não
passa do responsável pela morte de milhares e milhares de concidadãos. O
silêncio da Europa e de outras comunidades obedece, isso sim, ao jogo de
interesses e ao escantilhão de corrupções de que dirigentes políticos são
amplamente responsáveis. O que ocorre, neste momento, na União Europeia e nos
silêncios criminosos que a compõem, permite que, por exemplo, o Daesh só agora
tenha sofrido as consequências do seu percurso de tragédias. E que a Rússia de
Putin continue a ser o senhor da guerra, ante a passividade cúmplice das outras
nações. A ignomínia está à vista.”
Batista-Bastos, em Crónica
publicada no Correio da Manhã, em 21 de Dezembro de 2016
Ucrânia |
Nota de LP
Esta crónica de Baptista-Bastos tem sete anos. Reportava a uma ignomínia que se repete hoje. Putin, o senhor da guerra, está a destruir um outro país, um outro povo. Cidades arrasadas, campos minados e um sem fim de pessoas deslocadas e muitas mortas. Crianças raptadas para a Rússia e obrigadas a viver entre falsos protectores. Uma ignomínia tamanha ou ainda mais repulsiva . A Ucrânia resiste pela força do seu povo
A Europa não fechou os olhos e a solidária ajuda tem sido prestada. Há, contudo, por esse mundo fora , vozes dissonantes, que, em nome de uma paz podre, pretendem dar à Rússia invasora parte da Ucrânia brutalmente invadida . A paz, segundo os seus argumentos, conquista-se pela cedência às exigências dos tiranos , dos senhores da guerra como Putin.
Tal como Baptista-Bastos disse , a ignomínia está à vista.
sempre apreciei muito Baptista-Bastos, o que significa também discordar das suas opiniões.
ResponderEliminaro ''senhor da guerra'' são os USA, cujo braço armado é a NATO. vejam-se as decisões desta em 2008 e 2014 (cito de memória). e à data da crónica ainda faltava Trump vir acender a fogueira da guerra...
portanto temos que ouvir (e ler...) os vários lados da contenda
Os USA têm feito muitas asneiras com intervenções militares, mas nunca como a Rússia, que já tomou parte da Geórgia e agora também quer parte da Ucrânia. E a democracia de Putin é o que se sabe , os opositores, ou são prsos ou mortos.
ResponderEliminar