sábado, 18 de fevereiro de 2023

Cuidado, Daisy, com o Álvaro de Campos

Desenho de Lélia Parreira

Cuidado, Daisy, com o Álvaro de Campos


Olha, Daisy, quando eu morrer (…)
                 Álvaro de Campos
 
Olha, Daisy, o palerma do Álvaro
estava-se marimbando para ti.
O tipo não passava de um bárbaro,
que só pensava em glória, abacaxi,
 
triunfos, máquinas e outras merdas!
Borrifava-se para as mulheres,
que eram, para ele, puras perdas
e muito piores do que clisteres!
 
Olha, querida, não acredites em gajos,
que matam a mãe, por causa da glória:
antes, de longe, índios navajos,
 
que são gente pacífica e simplória.
Tipos com máquinas e pouco sexo
deixam-me, confesso, muito perplexo!
                           18.02.2023
Eugénio Lisboa
 
Nota: É possível que achem este soneto um bocado malcriado, mas o Álvaro de Campos também era fresco!

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