O Fado nasceu um dia
Quando o vento mal bulia
E o céu o mar prolongava,
Na amurada dum veleiro,
No peito de um marinheiro
Que estando triste, cantava.
(...)
( - Ai, que lindeza tamanha,
Meu chão, meu monte, meu vale,
De folhas, flores, frutas de ouro!
Vê se vês Terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Olhar ceguinho de choro...)
Meu chão, meu monte, meu vale,
De folhas, flores, frutas de ouro!
Vê se vês Terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Olhar ceguinho de choro...)
(..)
Na boca do marinheiro
Do frágil barco veleiro,
Morrendo a canção magoada
Diz o pungir dos desejos
Do lábio a queimar de beijos
Que beija o ar e mais nada.
Do frágil barco veleiro,
Morrendo a canção magoada
Diz o pungir dos desejos
Do lábio a queimar de beijos
Que beija o ar e mais nada.
( - Mãe, adeus! Adeus, Maria!
Guarda bem no teu sentido
Que aqui te faço uma jura
Que ou te levo à sacristia,
Ou foi Deus que foi servido
Dar-me no mar sepultura!)
Guarda bem no teu sentido
Que aqui te faço uma jura
Que ou te levo à sacristia,
Ou foi Deus que foi servido
Dar-me no mar sepultura!)
(...)
Ora eis que embora, outro dia,
Quando o vento nem bulia
E o céu o mar prolongava,
À proa de outro veleiro,
Velava outro marinheiro
Que estava triste e cantava.
Quando o vento nem bulia
E o céu o mar prolongava,
À proa de outro veleiro,
Velava outro marinheiro
Que estava triste e cantava.
José Régio, in Fado, Arménio Amado Editor, Coimbra, pp.39-44
Livres Pensantes vai fazer uma pausa. As pausas podem ter diferentes finalidades ou não ter qualquer uma. Esta é apenas uma pausa. Uma paragem necessária. Um hiato entre dois momentos. O próximo será o regresso.
Até lá , fica um grande momento de Fado, com belíssimas vozes femininas.
Ai , que lindeza tamanha!
Amália Rodrigues, em Fado Português. Poema de José Régio e Música de Alain Oulman.
Amália Rodrigues, em Gaivota . Poema de Alexandre O'Neill e Música de Alain Oulman.
Carminho, em Lágrimas do Céu, composição de Carlos Conde/Alfredo Marceneiro.
Carminho, em Escrevi Teu Nome No Vento, composição de Raul Ferrão.
Mariza, em Chuva , composição de Jorge Fernando.
Mariza, em Gente Da Minha Terra. Letra de Amália Rodrigues e Música de Tiago Machado.
.
Sara Correia, em Quero É Viver. Letra e Música de António Variações .
Sara Correia , em Chegou Tão Tarde. Letra e Música de Joana Espadinha.
Ana Moura, em Tens Os Olhos De Deus. Letra e Música de Pedro Abrunhosa.
Ana Moura, em Arraial Triste (Official Video), do novo álbum Casa Gulhermina. Produção e autoria de Pedro Mafama e Ana Moura.
Dulce Pontes, em Canção do Mar, num espectáculo ao vivo no Odeon of Herodes Atticus, em Atenas. Composição de Frederico de Brito/Ferrer Trindade.
Dulce Pontes, em Povo que lavas no rio. Poema de Pedro Homem de Melo e Música de Joaquim Campos.
Gisela João , em Canção ao Coração , no Programa Eléctrico da Antena 3. A letra e a música são de Gisela João.
Gisela João, em Labirinto ou não foi nada. Poema de David Mourão-Ferreira e Música de Francisco Viana.
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