sábado, 25 de junho de 2022

Paula Rego


Deste à singular pintura, tua,
bebida no sangue das tuas feridas,
uma violência perversa e nua,
só própria das almas destemidas.

Acendeste uma luz muito clara,
na vida torturada das mulheres
e desvendaste a odiosa tara
dos que tinham masculinos poderes.

Mas fizeste mais do que desvendar:
vingaste-te, com desmedida força,
de quem está disposta a assassinar

e de quem goza quando se desforça.
Contas ajustadas em tela e tinta,
que tudo, debaixo do sol, se pinta.
                                25.06.2022
Eugénio Lisboa

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