Inventário de perdas
Vai-se, com o tempo, perdendo tudo.
Perdi já tantos dos que tanto amava,
perdi sítios, perdi sóis, sobretudo,
perdi poderes, ilusões, e brava
força que punha, no lutar, fervor!
Perdi livros e haveres e tudo
o que à vida dá tanto sabor!
Meu canto triste foi ficando mudo,
ao ver, por todo o lado o atropelo,
o assalto ao poder da liberdade,
o pôr, na destruição, tanto zelo!
Por todo o lado, alastra a iniquidade
e a vida cada vez mais fenece,
neste pobre mundo que anoitece.
19.03.2022
Eugénio
Lisboa
Un
petit obstacle inattendu
A vida é só um curto percorrer,
entre um deslumbrado despertar
e um melancólico desvanecer:
entre os dois, o nosso saber voar.
Não é importante o que acontece,
mas o que fazemos acontecer:
o que se conquista não é com prece,
nem ficando à espera de suceder.
O nosso destino é por nós feito,
como se constrói palácio ou casa.
Todavia, nada é nunca perfeito:
tantas vezes o nosso golpe d’asa
fica acintosamente travado
por sismo que não estava programado!
20.03.2022
Eugénio Lisboa
entre um deslumbrado despertar
e um melancólico desvanecer:
entre os dois, o nosso saber voar.
Não é importante o que acontece,
mas o que fazemos acontecer:
o que se conquista não é com prece,
nem ficando à espera de suceder.
O nosso destino é por nós feito,
como se constrói palácio ou casa.
Todavia, nada é nunca perfeito:
tantas vezes o nosso golpe d’asa
fica acintosamente travado
por sismo que não estava programado!
20.03.2022
Eugénio Lisboa
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