Se tivesse de recomeçar a vida , recomeçava-a com os mesmos erros e paixões. Não me arrependo , nunca me arrependi. Perdia outras tantas horas diante do que é eterno, embebido ainda nesse sonho puído. Não me habituo : não posso ver uma árvore sem espanto, e acabo desconhecendo a vida e titubeando como comecei a vida. Ignoro tudo, acho tudo esplêndido, até as coisas vulgares : extraio ternura de uma pedra. (...)A que se reduz afinal a vida? A um momento de ternura e mais nada...De tudo o que se passou comigo só conservo a memória intacta de dois ou três minutos. Esses sim! Teimam, reluzem lá no fundo e inebriam-me como um pouco de água fria embacia o corpo.
Raul Brandão, Memórias
Todos temos memórias de momentos que vivemos. Muitos são apenas fugazes. Outros enchem anos e há aqueles que voltam na sua singeleza : uma manhã que nasce, uma aurora que desponta e nos enche o coração de puro deleite. Esse ,sim , traz embebido um outro sonho que nem o tempo puirá.
Abel Korzeniowski, em Letters , do Álbum Letters.
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