Picasso (auto retrato,) 1899-1900. Museu Picasso - Barcelona |
Os Verdes anos
(1881-1900)
"Picasso nasce em Málaga, em 1881. Segundo a tradição catalã, tem um verdadeiro aranzel de nomes próprios e, como patrónimo, os apelidos do pai (Ruiz) e da mãe (Picasso) . A fazer fé na certidão de baptismo , o seu nome completo é Pablo Diego, José Francisco de Paulo, Juan Nepomuceno, Maria de Los Remedios, Crispiniano de la Santissima Trinidade Ruiz-Picasso.
A mãe
Em criança , Picasso era já muito bonito e a mãe disse um dia a Gertrude Stein:
- Oh, se o achou belo, garanto-lhe que não é nada em comparação com a época em que era um rapazinho. Era um anjo e um demónio de beleza; uma pessoa não se cansava de olhar para ele,
Esta mãe sempre acreditou nele, mesmo quando outros membros da família duvidavam. Numa carta de 1936, escreve-lhe:
- Dizem-me que agora escreves. De ti , acredito em tudo. Se me disseres que cantaste missa, também acreditaria.
A confiança transparece igualmente nesta frase:
- Se te tornares soldado, serás general; se te tornares monge, acabarás papa!
Picasso a propósito do seu nome:
- Os meus amigos de Barcelona tratavam-me já por esse nome...Era mais estranho, mais sonoro do que Ruiz. E foi provavelmente por essa razão que o adoptei...Sabem o que me atraiu nesse nome? Pois bem, sem dúvida os dois «esses», tão pouco comuns em Espanha... Picasso é um nome de origem italiana, sabiam? Ora, o nome que uma pessoa tem ou que adopta tem a sua importância...Imaginam-me a chamar-me Ruiz? Ou Juan Nepomuceno Ruiz? Deram-me não sei quantos nomes próprios... Repararam, de resto, nos dois «esses» nos nomes de Matisse, de Poussin, do Douanier Rousseau?
O pai
O pai de Picasso era pintor e professor de desenho. Muito rapidamente , apercebe-se do dom prodigioso do filho e encoraja-o. Um dia , tendo tomado consciência dos seus próprios limites, oferece-lhe a sua paleta e os seus pincéis e nunca mais volta a pintar.
(...)
O menino prodígio
Os seu dons excepcionais são muito rapidamente reconhecidos. O pai encoraja-o, mas orienta-o para uma arte académica, o que o levava a dizer que nunca tinha feito desenhos de criança. No Verão de 1945, em Antibes, declarou:
- Nunca pude desenhar assim. Aos doze anos, já desenhava como Rafael.
Frequentemente estas palavras foram mal interpretadas. Pierre Daix explica que não se deve ver nelas uma gabarolice. Picasso apenas lamenta ter sido precocemente ensinado a desenhar como Rafael.
(...) A Academia de Belas-Artes de Barcelona (La Lonja) é uma instituição um pouco ronronante, onde, em 1895, o pai de Pablo é nomeado professor de desenho. Pablo, que tem apenas catorze anos, é demasiado jovem para apresentar-se a concurso de admissão, mas o pai consegue-lhe uma dispensa. Num só dia termina, com uma mestria deslumbrante, um trabalho para cuja execução havia sido concedido aos estudantes o prazo de um mês. Toda a gente compreende , a partir daí, que um destino excepcional se abrirá para ele."
Picasso por Picasso, pensamentos e várias memórias, organização de Paul Désalmand, Contexto Editora, Lisboa, Outubro de 2000, pp.14,15,19,20, 21
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