A tua ausência resume
Como um grito a minha vida.
Sou tu, ao longe —
Até quando?
Sou ausência, a tua ausência.
Fiquei deserto de mim.
Como um grito a minha vida.
Sou tu, ao longe —
Até quando?
Sou ausência, a tua ausência.
Fiquei deserto de mim.
Sou dois olhos marejados
Cravados no horizonte.
3.10.62
Alberto de Lacerda, in Exílio, Colecção Poetas de Hoje, Editora Portugália, 1 ediçãoPara ficar o universo
Cravados no horizonte.
3.10.62
Alberto de Lacerda, in Exílio, Colecção Poetas de Hoje, Editora Portugália, 1 ediçãoPara ficar o universo
Equilibrado de novo
Para que a terra não fosse
Aos poucos arrefecendo
Teu rosto junto a meu rosto
Tudo o mais a esse ritmo
Simplesmente obedecendo
28-2-1965
Alberto de Lacerda, in Oferenda II, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa 1994 i
A um Deus desconhecidoPara que a terra não fosse
Aos poucos arrefecendo
Teu rosto junto a meu rosto
Tudo o mais a esse ritmo
Simplesmente obedecendo
28-2-1965
Alberto de Lacerda, in Oferenda II, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa 1994 i
Estou à espera do sol
Que há-de passar de novo
Nesta varanda
As raparigas de bronze lânguido
Da minha infância
Continuam a passar nesta varanda
Mesmo quando as não vejo
O sol
O sol há-de surgir
Os dez raios de oiro
Das tuas mãos desconhecidas
Como te chamas?
23-2-1965
Alberto de Lacerda, in Oferenda II, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa 1994
No sol que a pouco e pouco declinando
Irá meus sonhos transportar à noite
Revejo em fuga aquele esplendor de quando
O trigo se alternava com a foice.
Era a imagem de uma tarde infinda,
Redoma aberta de uma luz doirada.
Certos amigos não tinham ainda
Desaparecido ao voltar da estrada.
Ficou esse horizonte na lembrança,
Linha a perder de vista no olhar.
E é este o sol, o mesmo, na mudança,
E é este o trigo, a foice, e à noite, o luar.
O amor, a própria morte nos aumenta
Sua luz obscura — que nos alimenta.
Yêvre-le-chatel, 25 de Junho 90
Alberto de Lacerda, in Átrio, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa
Que há-de passar de novo
Nesta varanda
As raparigas de bronze lânguido
Da minha infância
Continuam a passar nesta varanda
Mesmo quando as não vejo
O sol
O sol há-de surgir
Os dez raios de oiro
Das tuas mãos desconhecidas
Como te chamas?
23-2-1965
Alberto de Lacerda, in Oferenda II, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa 1994
Irá meus sonhos transportar à noite
Revejo em fuga aquele esplendor de quando
O trigo se alternava com a foice.
Era a imagem de uma tarde infinda,
Redoma aberta de uma luz doirada.
Certos amigos não tinham ainda
Desaparecido ao voltar da estrada.
Ficou esse horizonte na lembrança,
Linha a perder de vista no olhar.
E é este o sol, o mesmo, na mudança,
E é este o trigo, a foice, e à noite, o luar.
O amor, a própria morte nos aumenta
Sua luz obscura — que nos alimenta.
Yêvre-le-chatel, 25 de Junho 90
Alberto de Lacerda, in Átrio, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa
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