Cresceu e dizia : « quando eu era pequeno...»
O menino sonhava com o futuro, porque ainda não podia; o velho , com o passado, porque já não.
« Quando eu for, farei...»
« Quando eu era, fazia...»
E no intervalo, - fazes?!"
José Régio, Poemetos em Prosa para um Ano Novo- Colheita da Tarde
A nossa capacidade de resiliência foi talvez a maior descoberta deste tempo de peste. Dias enormes, em que minutos se insinuavam maiores do que horas, puseram-nos em estado de alerta perante uma ameaça que poderia ceifar qualquer um, sem olhar ao rosto de quem. Isolados entre muros, vimos o mundo deixar de ser aquele que sempre conhecêramos. E que mudança. O vazio substituía-nos na estranheza da nossa ausência. No deserto das ruas, as vozes de todos nós não se ouviam. O silêncio imperava . O tempo era marcado por um ritmo diferente. O mundo que tivéramos não era mais o mesmo. Fora apanhado por um invasor desconhecido que cerceava qualquer tentativa de evasão. Ficámos criando rotinas de espera para um advento que tardava. E, de repente, descobrimos que se encerrara um tempo em que fôramos felizes sem o saber. Um passado que vivêramos e que não mais seria futuro.
Mas o tempo não cessa . Implacável , imprevisto , promissor ou não , ele flui. E entre o ontem e o amanhã está um hoje que exige presença ao menino, ao velho, ao jovem , ao homem, a todos nós.
A música chega hoje , na voz inconfundível de John Mayall & The Bluesbreakers, em The Mists Of Time ·
E na bela voz de McKenna Breinhol , em Like Memories. Uma canção produzida pelo Cinematic Pop, com Música de Rob Gardner e McKane Davis e Letra de McKane Davis.
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