Um magnífico poema inédito de Eugénio Lisboa, um soneto decassilábico, em tempo de peste:
Há todo um mundo que agora apodrece
perante nossos olhos espantados:
o que agora ante nós amanhece
é um dia em que a esperança já fenece.
Todos fogem ao fim que os espreita,
desejando que a ceifa que os procura
a outros vá lançar sua maleita,
enquanto eles buscam via escura.
Nunca o mundo foi tão desabitado.
nunca a vida assim se escondeu:
se tudo assim está tão sossegado
é sinal de que um mal aconteceu.
Será, do mundo, o fim anunciado?
Será apenas um ínvio recado?
Eugénio Lisboa, "Recado?"( inédito)
Dia 2.04.2020
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