«Passar da leitura à crítica
é mudar de desejo, é deixar de desejar a obra para desejar a própria linguagem.
Mas, pelo mesmo acto, é também remeter a obra para o desejo da escrita, que a
gerou. Assim gira a fala em torno do livro: ler, escrever, de um desejo para
outro caminha toda a leitura. Quantos escritores não escreveram por terem lido?
Quantos críticos não leram para escrever? Aproximaram os dois bordos do livro,
as duas faces do signo, para que daí saísse uma só fala. A crítica é apenas um
momento dessa história em que entramos e que nos conduz à unidade – a verdade
da escrita.» Roland Barthes, in “ Crítica e Verdade”, Edições 70, 2007
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