"Idos os lírios, eis que floresciam as chagas, emurchecidas as rosas-chã, eis que as amoras silvestres escureciam, tudo se ia sucedendo, ora estava ali, ora deixava de estar, desaparecia e na altura certa regressava, e mesmo os dias angustiantes e singulares - em que o vento frio soprava com ruído por entre o abeto e em que por todo o jardiim as folhas secas e fenecidas palidamente restolhavam -, mesmo esses dias traziam consigo uma canção, uma experiência emocionante, uma história, até por fim tudo voltar a perecer, submerso, até a neve cair diante das janelas e florestas inteiras de palmeiras se formarem nas vidraças, até anjos com campainhas prateadas esvoaçarem pelo fim da tarde o corredor e o chão da casa se encherem com a fragância da fruta seca. Naquele mundo bom jamais a amizade e a confiança se extinguiram , e quando , inesperadamente , as câmpanulas brancas resplandeciam uma vez mais junto à folhagem negra da hera e as primeiras aves atravessavam novas e cerúleas alturas , era como se sempre e sem cessar tudo assim tivesse sido."
Hermann Hesse, in Contos Maravilhosos, Publicações Dom Quixote, p.187
Neste primeiro Domingo de Julho, o calor renova-se e revela o eterno devir cíclico da natureza. O verão acumula os frutos e as árvores fazem promessa de um outro retorno. Há sempre uma canção que conta uma história que se expande em sons que nos leva à longeva e surpreendente memória do tempo.
Fox Amoore, em The Voice of Sinnah ,do Álbum Legends of Valanor
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