terça-feira, 20 de junho de 2017

Um abraço de afago

Resultado de imagem para Imagens de paisagens queimadas
Perdi a minha família. 
Como é que uma avó vai ao funeral das netas?!
Não são frases que se escutam é a dor que nos chega. A dor daqueles que ficaram e se enxergam  em pungente sofrimento.
As imagens dos incêndios, que se sucedem,  mostram uma devastação chocante: o domínio do negrume, das cinzas e do silêncio que preenche o vazio, a ausência de vida.
Imagens semelhantes já nos foram mostradas, ao longo dos anos. Repetem-se sem que alguém as risque definitivamente. É a inoperância, a passividade de quem tem poder, a incompreensível agitação climática ou/e a difícil e nem sempre eficiente  gestão de recursos?
Mas a dor,  meu Deus, a dor não pode repetir-se incessantemente. E esta atingiu  o limiar do desespero. Morrer entre fogos. Haverá morte mais dolorosa? Não sei. Mas morreram muitos e isso não pode nunca mais repetir-se.
Aos que ficaram e se questionam por que sobreviveram  sem todos aqueles que lhe eram família ou entes próximos não há explicação que se baste. Há , isso sim, um dorido  e longo abraço de afago de quem se sente solidário e em estupefacta desolação.

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