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Curso de Verão "América Latina Hoje"
Continuam abertas, até dia 20 de junho, as candidaturas para a 9º edição do Curso de Verão América Latina Hoje, que terá lugar no ISCTE-IUL, em Lisboa, entre os dias 4 e 8 de julho.
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Concerto de
encerramento do Festival Terras sem Sombra em Beja
"Inesperado
Resgate: Compositores Portugueses na Espanha do «Siglo de Oro»" | La
Grande Chapelle | Festival Terras sem Sombra | Concerto de Encerramento |
Catedral de Beja | 18 junho | 21h30
Quando os músicos de Portugal faziam
carreira na Espanha dos Filipes: La Grande Chapelle e Albert Recasens
apresentam um universo musical praticamente desconhecido
O Festival Terras sem Sombra termina
com “chave de ouro” uma temporada de concertos que fizeram história no Baixo
Alentejo. Numa iniciativa levada a cabo em parceria com o Município de Beja, a
Catedral desta cidade – alvo de um exemplar restauro e aberta recentemente ao
público – será a anfitriã do último espectáculo, já no próximo sábado, 18 de
Junho, às 21h30, com o ensemble vocal e instrumental de música antiga La Grande
Chapelle, dirigido pelo maestro Albert Recasens.
Natural de Cambrils (Tarragona),
Recasens iniciou, em 2005, um ambicioso projecto de recuperação do património
musical peninsular, com a fundação da orquestra barroca La Grande Chapelle e da
etiqueta Lauda, de cuja direcção artística se ocupa desde 2007. Consagrando
especial atenção ao repertório dos séculos XVI a XVII, tem dado a conhecer
obras inéditas dos grandes mestres deste período, com estreias ou primeiras
gravações mundiais nos tempos modernos.
Pela excelência artística, os discos
de La Grande Chapelle obtiveram galardões e prémios internacionais de
reconhecido prestigio no âmbito da música antiga, como dois Orphées d'Or
(Academia do Disco Lírico de Paris, em 2007 e 2009), o “Selo do ano” dos
Prelude Classical Music Awards 2007 (Holanda), 5 de Diapason, “CD Excepcional”
de Scherzo, “4 stars” do BBC Magazine, Preis der deutschen Schallplattenkritik
ou “Critic's Choice” de Gramophone, etc.
Ultimamente, Albert Recasens tem vindo
a interessar-se, com especial afinco, pelo estudo dos compositores portugueses
do Maneirismo e do Barroco, ressuscitando obras que jazem em silêncio, há
séculos, em arquivos e bibliotecas de todo o mundo, mas são uma parte destacada
– e merecedora de grande atenção – do património musicológico do nosso país.
Redescobrir um período esquecido da
música ibérica
A união de Portugal e Espanha na
denominada “Monarquia Dual” (1580-1640), com a consequente perda da autonomia
lusa, assim como a crise económica que marcaria algumas das suas etapas,
provocaram o êxodo de artistas e músicos portugueses para o reino vizinho. La
Grande Chapelle tem vindo a revelar três importantes compositores portugueses
que fixaram residência em Madrid ou Sevilha, no séc. XVII – Manuel Machado, Fr.
Manuel Correa e Fr. Filipe da Madre de Deus –, pondo em confronto a sua música
com a do espanhol Juan Hidalgo.
O programa de Beja, em larga medida
inédito, deleita-nos com uma selecção do magnífico repertório de alguns dos
principais músicos ibéricos do séc. XVII que revelam características
estilísticas comuns, entre elas o uso dos géneros em voga (tonos, vilancicos e
romances), a ousadia harmónica ou a ênfase na retórica e na expressão do texto.
Trata-se, sem dúvida, de um acervo único, digno de ser resgatado do
esquecimento em que jaz, tanto mais que à beleza da música destas singulares
peças, religiosas e seculares, se une a beleza das letras, da autoria de alguns
dos melhores poetas que escreveram em castelhano na época, fossem eles
espanhóis ou portugueses. A tradução para o nosso idioma, também ela inédita,
deve-se ao poeta alentejano Ruy Ventura (Portalegre, 1973).
Fr. Manuel Correa, discípulo de Filipe
de Magalhães, membro da capela do 8.º duque de Bragança, D. João (rei de
Portugal em 1640), e de Fr. Manuel Cardoso. Nascido em Lisboa, ca. 1600, era
filho de um instrumentista dessa capela. Professou, como carmelita calçado, em
Madrid, cidade onde exerceu o cargo de prefeito de música, até ser nomeado
mestre-de-capela da catedral de Sigüenza, em 1648. Dois anos mais tarde, ganhou
o magistério em Saragoça, sucedendo a Diego de Pontac; desempenhou este cargo
até à morte (1653). Notabilizou-se pela composição de vilancicos, tonos humanos
(profanos) ou divinos e romances em língua castelhana, mas foi igualmente muito
apreciada a sua obra em latim.
Igualmente vinculado à Ordem do Carmo,
o vihuelista e compositor Fr. Filipe da Madre de Deus (Felipe de la Madre de
Dios, nas fontes espanholas) nasceu em Lisboa, ca. 1630, e esteve activo em
Sevilha, antes de ser chamado por D. João IV (1654) e servir na Câmara Real do
seu sucessor, D. Afonso VI (1656). Em 1668, restabelecida a paz com Espanha,
pôde voltar a Sevilha, onde exerceu o cargo de mestre-de-capela, na igreja dos
Carmelitas, até à morte (ca. 1688 ou 1690). As suas obras, principalmente
vilancicos e tonos, conservam-se em instituições tão diversas como a catedral da
Cidade da Guatemala ou a Bayerische Staatsbibliothek, de Munique.
Porém, o mestre português que mais
altas responsabilidades teve, em Espanha, no período em apreço foi Manuel
Machado, que nasceu em Lisboa, ca. 1590. Formado na catedral desta cidade, sob
a direcção de Duarte Lobo, ganhou fama como instrumentista de harpa. Fixou
depois residência em Madrid, com o pai, também harpista, para trabalhar na
Capela Real. Em Agosto de 1639, foi nomeado músico de câmara por Felipe IV.
Faleceu em Madrid, em 1646. A sua produção, tal como a de Fr. Manuel Correa, é
maioritariamente profana e conserva-se em diversos cancioneiros polifónicos da
época, como o de Sablonara (Munique), Casanatense (Roma), Libro de Tonos
Humanos (Madrid), Onteniente e Lisboeta. Na pujante biblioteca de D. João IV
existiam obras destes autores, tanto em latim como em romance, que se perderam
com o terramoto de 1755.
As composições de autores portugueses
activos em Espanha confrontam-se com as de Juan Hidalgo, harpista da Capela
Real – colega, pois, de Machado – e mestre da Câmara Real, ao serviço de Felipe
IV e de Carlos II, uma referência indiscutível da história da música europeia.
Hidalgo destacou-se por ter sido o criador, com Calderón de la Barca, das duas
primeiras óperas espanholas, La Púrpura de la Rosa e Celos, aun del Aire Matan,
representadas, em 1660, para festejar a Paz dos Pirenéus (1659) – mediante a
qual Luís XIV renunciou a prosseguir com a sua ajuda à causa portuguesa na
Guerra da Independência – e o casamento da infanta Maria Teresa, filha de
Filipe IV, com o rei francês.
Entre as ribeiras de Terges e Cobres:
turismo da natureza e sustentabilidade | 19 de junho
Paralelamente aos concertos, o FTSS
promove o conhecimento da biodiversidade da região através de percursos que
sensibilizam para a preservação da natureza e o reconhecimento de boas práticas
ambientais. Assim, na manhã de 19 de Junho, músicos, espectadores, membros das
comunidades locais, autarcas e cientistas unem-se para uma iniciativa de
voluntariado, que tem por mote Entre Ribeiras: Na Confluência das Ribeiras de
Terges e Cobres – Turismo de Natureza e Sustentabilidade. Esta acção decorre
num itinerário entre os cursos fluviais e um barranco afluente, cuja vegetação
foi salvaguarda ao longo de gerações pelos proprietários da herdade. No final,
em torno de uma unidade de agro-turismo, denominada Xistos, na freguesia da
Trindade, esperam-nos um conjunto de descobertas: o potencial natural e o saber
fazer.
As bacias hidrográficas das ribeiras
de Terges e de Cobres cobrem uma parte significativa do Campo Branco. O relevo
homogéneo e monótono da peneplanície baixo-alentejana altera-se apenas na
presença destes cursos de água que, pelas suas características, guardam muita
da biodiversidade original do território, ao contrário das áreas envolventes,
moldadas pela ocupação humana de centenas de gerações de pastores e
agricultores. Esta acção tem a colaboração do Instituto de Conservação da
Natureza e das Florestas (Parque Natural do Vale do Guadiana) e do Município de
Beja.
Lembrando Armando Sevinate Pinto e
Manuel de Castro e Brito
Irá realizar-se, no final da jornada,
uma evocação, pelos seus amigos e colegas, de Armando Sevinate Pinto
[1946-2015]. Descendente de uma família de lavradores do concelho de Ferreira
do Alentejo e engenheiro agrónomo, desempenhou, entre outros cargos públicos, o
de ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (2002-2004).
Grande apaixonado pelo mundo rural e pelo Alentejo, foi o primeiro presidente
do Conselho de Curadores do Festival Terras sem Sombra, salientando a
importância da sociedade civil na defesa e promoção da música, do património e
da biodiversidade.
Será igualmente lembrado outro amigo
do FTSS, Manuel de Castro e Brito, nascido em 1950, em Beja, e falecido em
Março passado. Presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul e da
Ovibeja desde 1989, alcandorou este e outros projectos à escala nacional.
Colaborou com o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de
Beja na recuperação dos valores culturais associados à antiga transumância, um
dos fios condutores para a valorização das igrejas e ermidas que acompanham as
antigas canadas reais, ligando o Baixo Alentejo à Serra da Estrela e à Meseta
Ibérica." CMB
Para informações adicionais
consultar
Para mais informações contacte
Câmara Municipal de Beja | Gabinete de Comunicação
Integrada | T:284 311 800 | M: 96 96 60 250 | @:info@cm-beja.pt
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