Há 105 anos foi proclamada a república. O edifício da Câmara Municipal de Lisboa continua o mesmo , resistente e sólido, exposto ao Largo que o enfrenta. Foi aí que tantos portugueses jubilosos aclamaram o início de uma nova era.
Passaram governos provisórios, governos eleitos, governos impostos. Do sonho da democracia republicana passou-se à ditadura fascista. Improvisaram-se revoluções, aprisionou-se gente, derrotaram-se vontades e nunca se implantou , neste Portugal secular, uma genuína revolução de verdadeira mudança.
A última, a apelidada revolução dos cravos, o 25 de Abril de 1974, abriu as portas das prisões , substituiu a repressão pela liberdade, deu nome à fome e à pobreza, mas continua a servir quem mais pode , quem mais manda. A democracia vive, mas tem quem a regule, quem a limite , quem a defina. Não tem grades, mas tem portas. E nem todas estão abertas.
É este o meu Portugal, pequeno país, afundado num continente chamado Europa. Um continente em deriva identitária.
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