Menino com cachimbo, de Pablo Picasso |
LIBERTAÇÃO
Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
( Abrir a porta, além de ser um crime,
Era impossível para a minha altura…)
Como passar o tempo?...E diverti-me
Desta maneira trágica e segura:
Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
Desfiz trapos, arames, serradura…
Ah, meu menino histérico e precoce!
Tu, sim!, que tens mãos trágicas de posse,
E tens a inquietação da Descoberta!
O menino, por fim, tombou cansado;
O seu boneco aí jaz esfarelado…
E eu acho, nem sei como, a porta aberta!
José Régio, in “ Poemas de Deus e
do Diabo”, Edições quasi
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