e mais do que não te ver,
é não ser visto por ti,
no deserto do não ser.
Eugénio Lisboa
A voz de Amélia Muge deu som ao belíssimo poema de Eugénio Lisboa para tecer uma magnífica canção: Transparência.
...Sem rótulos de estilo ou género, a música de Amélia Muge é um mundo extenso em compulsiva vibração, um mundo de canções, completas, cheias de uma musicalidade que não se deixa agrilhoar ao fado, à música tradicional, ao jazz, a nada...
Morrer é só não ser visto,
é sair de ao pé de ti,
apagar-me em tudo isto,
deixar de ver o que vi.
Morrer é não estar em ti,
e mais do que não te ver,
é não ser visto por ti,
no deserto do não ser.
Morrer é como apagar-se
a chama que houve em nós,
é uma espécie de ficar-se
vazio da própria voz.
Vive o amor da atenção
que se tem por quem se ama.
Mas a morte atiça em vão
o fio que não dá chama.
Morrer é só não ser visto,
é passar a pertencer
a um livro de registo
que guarda o nosso não-ser.
é sair de ao pé de ti,
apagar-me em tudo isto,
deixar de ver o que vi.
Morrer é não estar em ti,
e mais do que não te ver,
é não ser visto por ti,
no deserto do não ser.
Morrer é como apagar-se
a chama que houve em nós,
é uma espécie de ficar-se
vazio da própria voz.
Vive o amor da atenção
que se tem por quem se ama.
Mas a morte atiça em vão
o fio que não dá chama.
Morrer é só não ser visto,
é passar a pertencer
a um livro de registo
que guarda o nosso não-ser.
Poema cantado por Amélia Muge no álbum “Não sou daqui" acompanhada por José Peixoto (guitarra acústica), Yuri Daniel (contrabaixo e baixo eléctrico), Catarina Anacleto (violoncelo), Filipe Raposo (piano e acordeão), José Manuel David (sopros) e Carlos Mil-Homens (cajón).
A música é de Amélia Muge, o arranjo de António José Martins, a produção de Amélia Muge/António José Martins
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