quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Saudade

Há um traço que une todos os Homens: fomos todos filhos. A diferença passa a existir quando uns ainda são os  filhos de pais presentes e os outros já experimentaram a dor da ausência. Uma ausência concreta de uma presença que passou a ser enunciada  no pretérito. Uma presença ausente. Mas também presença  que vive, que se deseja, que se persegue , mas que nunca se esvazia dentro de nós.
A filiação requer presença. Uma presença física, corpórea dos progenitores. Ver partir quem nos amou é sentir que morremos também. O amor não se mede, nem é condicional. O amor marca-nos profundamente. Há nele uma necessidade física que se transcende, mas que dói. É a saudade de nós . E nesse nós estamos todos: filhos e pais. 
O tempo fez-me  filha de pais ausentes. Deixaram-me  em momentos diferentes mas consecutivos. Lineares na dor e na ausência. O rasto dessa separação está visível e completo.
Há  quem afirme que " A mágoa é uma espécie de ferrugem da alma e cada nova ideia ao passar , ajuda a limpá-la."
É dia de aniversário da minha Mãe. Partiu há anos. Para mim há  um ror de tempo. Quase infindo no passar dos dias. Trago-a comigo. Eu própria estou quase a atingir a idade com que ela partiu. Cedo . Muito cedo. No entanto, teve sempre a idade da Mãe que me construiu. Que me ensinou e mostrou o  prodígio da descoberta da vida. Encantou-me sempre .Tudo nela era para celebrar. A mágoa não se instalava. Havia, por magia ou por amor,  uma nova ideia para a combater, para a afugentar . E a felicidade com ela era real. O sorriso iluminava-a, iluminando-nos. 
Era assim a minha Mãe. Partiu há um ror de anos. Sem ela os dias nunca mais foram os mesmos. Que saudade, minha Mãe.
Parabéns.

1 comentário:

  1. Dizes sempre o que nos vai na alma, saudades são muitas a tua irmã Teresa

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