Há quem diga que fomos sempre um país de pobres. Há mesmo quem se sinta humilhado por considerar que Portugal é conhecido por um pequeno país pobre. Nunca entendi se essa humilhação que dizem sentir é aquela que emerge em qualquer ser humano ao ver a miséria crescer e sentir-se rodeado por ela sem que a possa reduzir ou eliminar. Não a pobreza como uma fatalidade , mas como uma doença, uma chaga que é preciso combater. Portugal é um país pequeno. Basta olhar a sua dimensão num mapa mundi. Portugal vive na Europa, mas continua a criar pobres. Ser um país de pobres deve humilhar-nos. Sim. Humilhar-nos violentamente. Naquela humilhação infame de quem permite que a pobreza cresça e se ramifique em pleno dia. Está aí. À vista de todos nós. Imagens autênticas e não manipuladas para gáudio dos abutres do catastrofismo. Os números são pecaminosos e, no entanto, o Deficit de que se fala é um negócio que atormenta o Governo. Diminui-lo é um imperativo, dizem os governantes. Assim o ordena a autoridade suprema europeia. E porque o ordena cria-se ,então, mais uma fornada de pobres a engrossar a estatística do país. A pobreza acondiciona as medidas orçamentais. Os orçamentos alimentam-se da míngua que provocam. Os seus autores enchem-se de mérito por tão disciplinadamente aplicarem o soro. Portugal, além de um país pobre, é um país de governantes ao serviço de quem mais ordena. É essa a sua maior pobreza.
Dia Mundial da Erradicação da Pobreza
Neste dia, Dia de Erradicação da Pobreza, os Media anunciam que há mais pobres e a ganhar menos do que em 1974. Transcreve-se uma das informações impressas.
Neste dia, Dia de Erradicação da Pobreza, os Media anunciam que há mais pobres e a ganhar menos do que em 1974. Transcreve-se uma das informações impressas.
"Um em cada quatro portugueses está em risco de
pobreza e quem recebe o salário mínimo ganha menos 12 euros do que em 1974
(descontando a inflação), indicam dados actuais divulgados pela base de dados
Pordata.
Quando
se assinala o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza lembra também a
organização não-governamental Oikos que mais de mil milhões de pessoas passam
fome em todo o mundo e há 200 milhões de desempregados.
Portugal,
ainda de acordo com a Pordata, era em 2011 o nono país da União Europeia com
uma taxa de risco de pobreza mais elevada, havendo no ano passado 360 mil
pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção, quase metade delas com menos
de 25 anos.
Lembra-se
também no portal que o país é o 6.º da União Europeia com maiores desigualdades
de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres.
A
propósito da efeméride que hoje se comemora outros números (Instituto Nacional
de Estatística) são também pouco abonatórios para Portugal, como os que indicam
que 29,3 por cento da população infantil encontrava-se em privação material no
ano passado (privação material é quando um agregado não tem acesso a três bens
de uma lista de nove considerados importantes).
São
os números que indicam que o risco de pobreza das famílias com crianças
dependentes se tem vindo a agravar, como se tem agravado a taxa de intensidade
de pobreza, como se tem ainda agravado a diferença entre Portugal e a média da
União Europeia, sendo que essa diferença é a de que enquanto na Europa o risco
de pobreza se mantém estável em Portugal vai aumentando.
O
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza foi criado pela ONU em 1992.
Acabar com esse flagelo é um dos objectivos de desenvolvimento do milénio.” Diário
Digital com Lusa
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