"Vaso de Flores", 1956, Manabu Mabe |
Lembrança
Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.
Depois,
não sei porquê nem porque não,
essa recordação
desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.
não sei porquê nem porque não,
essa recordação
desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.
Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
sem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Na maior noite,
na maior solidão,
sem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Miguel Torga,in " Diário I", (1941), Círculo de Leitores
"(...)muito ao de leve foge a tua mão,/e a melodia já mudou de rumo (...)". Os amores de verão são como os êxitos musicais que marcam a estação. Soam, ressoam, passam e repassam onde quer que se vá. Enchem os momentos com tal intensidade que fazem acreditar que o encantamento de um amor estival possa ser duradouro. Quem se alimenta do calor de acordes tão repetidos soçobra logo que a melodia muda de rumo tal como o verão aos primeiros ventos do Outono.
Há canções que marcaram épocas. Sustentaram paixões e muitas sobreviveram.
Do arquivo do tempo, recuperámos duas famosas composições para este Domingo de um Agosto tão carenciado de AMOR.
- Merle Haggard & Tammy Wynette em " Today I started love you again ".
- Aretha Franklin em " Ain't No Way ".
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