quarta-feira, 2 de julho de 2014

A história da criança judia

A história da criança judia que foi modelo da raça ariana
"A fotografia de Hessy Taft, aquando bebé, foi seleccionada pelo partido Nazi para ilustrar a criança ideal da raça ariana. Porém, o que a máquina de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda do Reich, nunca descobriu foi que ela era judia.
Quando Hessy Taft tinha seis meses, era uma criança modelo nos posters nazis. A sua fotografia foi escolhida como a imagem do bebé ariano ideal e distribuída como propaganda. Recentemente, Taft apresentou o Memorial do Holocausto Yad Vashem, em Israel, onde, com uma revista nazi com a sua fotografia na capa, contou a história de como se tornou numa criança modelo improvável para um cartaz do Terceiro Reich.
foto DR
A história da criança judia que foi modelo da raça ariana
Hessy Taft em adulta e a famosa foto
"Agora posso rir-me", diz a Professora Taft, com 80 anos, em entrevista ao jornal alemão Bild. "Mas se os Nazis soubessem quem eu era realmente, não estaria viva".
Os pais de Hessy, Jacob e Pauline Levinsons, eram ambos talentosos cantores, que se mudaram para Berlim, vindos da Letónia, para prosseguir as carreiras na música clássica, em 1928. Mas acabram presos na ascensão do poder nazi.
Jacob perdeu o emprego numa companhia de ópera porque era judeu e teve de trocar de carreira, para vendedor porta-a-porta.
Em 1935, com a cidade repleta de ataques anti-semitas, Pauline Levinsons levou a filha, de seis meses, a um conhecido fotógrafo de Berlim. Poucos meses depois, a mãe ficou horrorizada ao descobrir que a foto da filha fazia a capa da "Sonne Ins Hause", uma revista nazi de grande popularidade.
Com medo que a família estivesse exposta como judia, Pauline correu para o fotógrafo, Hans Ballin, que lhe disse que sabia da natureza judia da família e, ainda assim, concorreu com a fotografia da criança para o mais bonito bebé ariano.
"Eu queria ridicularizar os Nazis", disse-lhe o fotógrafo. E foi um sucesso: a fotografia ganhou o concurso e acreditava-se que tinha sido escolhida pelo próprio Joseph Goebbels.
Assustados e com receio de que fosse reconhecida nas ruas e questionada sobre a sua identidade, os pais de Taft mantiveram-na em casa.
A fotografia apareceu em muitos cartazes nazis, até que foi reconhecida por uma tia na distante Memel, agora parte da Lituânia. Mas os nazis nunca descobriram a verdadeira identidade de Hessy Taft.
Em 1938, o pai de Taft foi preso pela Gestapo mas acabou por ser libertado. Depois disso, a família fugiu da Alemanha. Primeiro, para a Letónia, depois para Paris, que acabou por ser invadida pelos nazis.
Com a ajuda da Resistência Francesa, escaparam de novo, desta vez para Cuba. Em 1949 a família deslocou-se para os Estados Unidos.
Hoje, a mulher judia que foi, em tempos, cara do poster nazi, é professora de química em Nova iorque. "Sinto um pouco de vingança", confessou." JN

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