" É tempo de falar das fadas. Para fugir da intrépida melancolia da espera, é tempo de criar novos mundos. Não julguem, de resto, que os contos de fadas mentem. Mente quem o disser - mas uma vez contado, o milagre das fadas voga lento no ar e vai-se embora, vai viver a sua vida, mais real e mais verdadeira do que a insolência quotidiana. Ao narrador nada resta para além da amargura de se ter dado e de nada conservar. A amargura, ou a fervorosa alegria.
É preciso, por conseguinte, falar das fadas. Mas é preciso, todavia , escolhê-las. Porque algumas há que, sendo demasiado belas, são aborrecidas. E outras que, por serem perfeitas de mais, nos chegam a irritar. As mais simpáticas e mais próximas de nós ainda são as que de fadas só têm o nome. Frágeis, infelizes, atentas à inquietação, assim as desejo. O mesmo é dizer que é impossível encontrá-las. E que temos que as inventar. " Albert Camus, in " O Livro da fada Melusina, conto para crianças tristes de mais" 1934 - " escritos da juventude", Edição Livros do Brasil - Lisboa
Sem o talento de Camus, mas aspirando o milagre das fadas, resolvemos procurá-las para criar, neste Domingo , um momento de fervorosa alegria. E ei-las. Talentosas , belas e perfeitas em eufónica combinação: Kiri Te Kanawa, Katherine Ciesinski & Kathleen Battle , em “– Act 3, Final
Trio”, da ópera “Der Rosenkavalier” de Richard Strauss (1864-1949) ,
acompanhadas pela American Symphony Orchestra , regida pelo Maestro James
Levine.
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