"No seu quinto relatório de avaliação, apresentado em Estocolmo, os especialistas deste painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apresentam vários cenários possíveis, tendo em conta milhares de investigações realizadas nos últimos anos.
O relatório confirma, "ainda com mais certeza, que as alterações climáticas se devem à actividade humana", disse na apresentação do documento o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Michel Jarraud.
Numa mensagem gravada e emitida no início da conferência de imprensa, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse: "O aquecimento é real. Agora temos de agir".
O extenso documento foi elaborado por mais de 800 cientistas de todo o mundo e beneficiou dos avanços científicos conseguidos nos modelos climáticos durante os últimos anos, bem como de uma maior compreensão sobre as alterações climáticas do que os relatórios anteriores (o primeiro saiu em 1990). Eis as suas cinco principais conclusões:
1. INFLUÊNCIA HUMANA - É clara e há 95% de certeza de ser dominante no aumento das temperaturas desde meados do século XX. Há uma incerteza quanto à sua contribuição para as alterações registadas nos ciclones tropicais e nas secas, mas há uma evidência quanto à sua contribuição para o aumento da concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera, o aquecimento registado na atmosfera e nos oceanos, as mudanças nos ciclos da água e dos gelos, ou a subida do nível do mar.
2. GASES COM EFEITO DE ESTUFA - As concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiram níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos e o uso de combustíveis fósseis é responsável por 40% do aumento destas concentrações desde a Revolução Industrial (1750).
3. TEMPERATURAS - Vão subir entre 0,3 graus e 4,8 graus centígrados até 2100, comparando com a média do período de 1985-2000, sendo previsível que este aumento ultrapasse os dois graus centígrados, nível crítico a partir do qual o impacto de eventos extremos como secas, ondas de calor, inundações ou furacões poderá ser catastrófico. A estabilização das temperaturas nos últimos 15 anos não altera as tendências da evolução do clima a longo prazo, que devem ser calculadas para períodos iguais ou superiores a 30 anos. Há 90% de certeza de que o número de dias e noites quentes aumentou globalmente nos últimos anos, tal como o número e duração das ondas de calor na Europa, Ásia e Austrália. As secas tornaram-se também mais frequentes e intensas na região do Mediterrâneo e na África Ocidental.
4. OCEANOS - O nível do mar subiu 20 centímetros nos últimos cem anos e vai continuar a subir entre 26 e 82 centímetros até 2100, mas não há um consenso entre a comunidade científica quanto aos cenários de subidas mais elevadas, porque não se sabe com precisão a que ritmo os glaciares e as placas de gelo do Ártico e da Antárctida vão derreter. É muito provável que a Corrente do Golfo, que transporta água mais quente para as costas da Europa Ocidental, venha a enfraquecer ao longo do século XXI. Entretanto, os oceanos absorveram 30% das emissões de CO2 geradas pela actividade humana, o que provocou a sua acidificação, com consequências nefastas para a biodiversidade marinha.
5. GELO - No Ártico, os gelos têm diminuído em área e em espessura nos últimos 20 anos e as temperaturas da água do mar são as mais elevadas desde há 1450 anos. A redução dos gelos na Antárctica também tem acontecido e os glaciares estão a recuar na maioria das regiões do Planeta. Ao mesmo tempo, a cobertura de neve no Hemisfério Norte caiu 11% por década desde 1967. Por outro lado, há 66% de hipóteses de o oceano Ártico vir a estar completamente livre de gelo no verão de 2050." SIC e Expresso
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