Miguel Torga nasceu a 12 de Agosto de 1907. Há 106 anos. Após uma longa vida de produtividade literária intensa , faleceu em 1995. Foi um dos maiores da Literatura Portuguesa do Século XX.
A sua obra é diversa; expande-se desde o Conto, Romance, Teatro à Poesia. Registou em Diário ( 16 volumes) a sua visão do Mundo e um conjunto de poemas que traduzem o génio singular deste grande escritor. Desde que o descobri, era ainda adolescente, nunca mais deixei de o ler e, em cada abordagem de qualquer página da sua obra, há sempre um novo encantamento que me surpreende.
Hoje, visitei-o e retirei o registo que fez no Diário XIII, no dia do seu 62º aniversário, neste Algarve de tanto Mar.
"Albufeira, 12 de Agosto de 1979 - Durar muito. É a única maneira de se poder perspectivar capazmente todos os altos e baixos da vida. Saber que a razão chega, que os sentimentos têm vários lados, que por detrás de cada aparência se oculta uma inaparência, que há defeitos bons e virtudes más, que tudo é complexo e vão...
É verdade que quem parte cedo deixa de si a imagem de uma esperança frustrada, e que quem fica se sujeita a ser uma frustração patenteada. Mas vale a pena correr o risco. Mesmo quando se falha redondamente, leva-se para a sepultura um tesoiro inestimável: a conformidade com os nossos limites, o conhecimento desabusado da realidade. O que eu teria perdido se não tivesse amado tanto, visto tanto, sofrido tantas desilusões, sido tão controverso, lido tantos livros, e me faltassem na experiência emotiva e mental as guerras, as descobertas e as catástrofes a que assisti! Durar muito. Durar o bastante para não ter pena de deixar o saber e a prática do mundo." Miguel Torga, in " Diário XIII", Círculo de Leitores
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