sábado, 9 de março de 2013

Natália Correia no Museu



Autogénese

(...)Eu nasci das balas
eu cresci das setas
que em prendas de sala
me foram jogando
os mulheres poetas
eu nasci dos seios
dores que me cresceram
pomos do ciúme
dos que os não morderam

nasci de me verem
sempre de soslaio
de eu dizer em junho
e eles em maio
de ser como eles
as vezes por fora
mas nunca por dentro
perfil de uma estátua
que não sou de frente.(...)
Natália Correia,"Autogénese", in "Antologia das vozes comunicantes da poesia moderna portuguesa”, Ed.Assírio & Alvim, 1985

1 comentário:

  1. Lembrar Natália Correia é sempre um momento sublime! A Natália foi tudo o que nunca conseguimos ser.
    Quando comecámos a tecer comentários neste Blog, impressionou-nos desde logo o quadro do pintor José Malhoa, executado na praia das Maçãs, em Sintra!... A par da agitação do mar, uma conversa interessante, à mesa...

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