Soneto
Cada dia nos
dê o nosso pão
e comê-lo nos abra aquela casa
de inteligência e coração
onde sentar-se é mesa rasa
de ver quantos não estão
sentados nessa casa.
E comer se ilumina, e abre-se portão,
ou qualquer coisa de brasa
entra no movimento e na palavra,
como se cada gesto e cada som
fosse uma leitura que se abra
dentro da história de não haver senão
a de estarmos à mesa da palavra,
transparentes, à luz de se partir o pão.
e comê-lo nos abra aquela casa
de inteligência e coração
onde sentar-se é mesa rasa
de ver quantos não estão
sentados nessa casa.
E comer se ilumina, e abre-se portão,
ou qualquer coisa de brasa
entra no movimento e na palavra,
como se cada gesto e cada som
fosse uma leitura que se abra
dentro da história de não haver senão
a de estarmos à mesa da palavra,
transparentes, à luz de se partir o pão.
Fernando
Echevarria, in “Obra Inacabada”, Afrontamento, 2006
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