Passagem
Que me deixem
passar
- eis o que peço diante da porta ou diante do caminho.
E que ninguém me siga na passagem.
Não tenho companheiros de viagem
nem quero que ninguém fique ao meu lado.
Para passar, exijo estar sozinho,
somente de mim mesmo acompanhado.
Mas caso me proíbam de passar por seu eu diferente ou indesejado
mesmo assim eu passarei.
Inventarei a porta e o caminho e passarei sozinho".
Lêdo Ivo, in "O Rumor da Noite",Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro – 2000
- eis o que peço diante da porta ou diante do caminho.
E que ninguém me siga na passagem.
Não tenho companheiros de viagem
nem quero que ninguém fique ao meu lado.
Para passar, exijo estar sozinho,
somente de mim mesmo acompanhado.
Mas caso me proíbam de passar por seu eu diferente ou indesejado
mesmo assim eu passarei.
Inventarei a porta e o caminho e passarei sozinho".
Lêdo Ivo, in "O Rumor da Noite",Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro – 2000
Morreu Lêdo Ivo
"O escritor,
poeta, ensaísta e jornalista brasileiro Lêdo Ivo morreu este Domingo em
Sevilha, onde estava de férias, na sequência de um enfarte do miocárdio. Tinha
88 anos.
Segundo
informações de familiares, Lêdo Ivo sentiu-se mal quando almoçava num
restaurante, tendo seguido até ao hotel, onde recebeu tratamento médico, mas
acabou por falecer antes mesmo de seguir para o hospital.
Segundo os
familiares, o escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, conhecido
essencialmente como poeta, iria passar o Natal em Espanha, na companhia de
alguns familiares, entre eles o filho e artista plástico Gonçalo Ivo. O
escritor será cremado em Espanha, sendo as suas cinzas transladadas, no início
do próximo ano, para o Brasil, onde se prevê que se virão a realizarão missas
no Rio de Janeiro e Maceió, onde nasceu.
A presidente
da Academia Brasileira de Letras Ana Maria Machado lamentou a morte do
escritor, descrevendo-o como um “poeta e ficcionista versátil, de obra variada,
que abarcava vários géneros.” A responsável disse também que no próximo dia 10
de Janeiro terá lugar uma sessão extraordinária na academia, à porta fechada,
na qual os restantes membros vão recordar o poeta. "Como poeta, ele foi um
representante significativo da chamada Geração de 45, momento em que o
modernismo brasileiro procurou voltar a formas poéticas fixas e se afastar da
linguagem coloquial. Ele dominava muito bem o artesanato do poema", disse
a presidente, citada pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo.
Segundo a
agência de noticias espanhola EFE, Ivo defendia um modelo de poesia
comprometido com o indivíduo e com a sociedade. O poeta moderno, segundo Ivo,
dever-se-ia interessar pelo mundo de hoje e pela experiência pessoal vivida, ao
invés de se concentrar em poemas sobre a criação poética. Amante do soneto e
dos versos longos, tinha o americano T.S. Eliot como uma grande referência.
Lêdo Ivo
nasceu em 1924, em Maceió, tendo-se estreado na Literatura em 1944 com o livro
de poesia "As Imaginações" e no ano seguinte com "Ode e Elegia". Entre as suas
obras mais conhecidas encontramos "Ninho de Cobras", "A Noite Misteriosa", "A Ética
da Aventura" e "Confissões de Um Poeta". As suas obras estão traduzidas em inglês,
espanhol, francês e italiano, entre outras línguas.” In Público, 23/12/2012
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