Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
Maria Teresa Horta, in “Vozes e Olhares no Feminino”, Edições Afrontamento, Porto 2001
Silêncios da Fala
São tantos
os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor
De saliva
De suor
Silêncios de
silex
no corpo do silêncio
no corpo do silêncio
Silêncios de
vento
de mar
e de torpor
de mar
e de torpor
De amor
Depois, há as
jarras
com rosas de silêncio
com rosas de silêncio
Os gemidos
nas camas
nas camas
As ancas
O sabor
O sabor
O silêncio
que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.
Maria Teresa Horta ,in “Vozes e Olhares no Feminino”, Ed, Afrontamento, Porto 2001
Maria Teresa Horta, para além da sua enérgica intervenção política, desse combate sem tréguas contra a Ditadura, que já vem dos anos sessenta, e teve sequência no tempo do Marcelismo, espaço em que surge o Movimento de "As Três Marias", continua a ser ainda hoje uma das vozes mais lúcidas, mais claras, mais abrangentes da Poesia portuguesa!
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