O teu olhar seduz-me
Eu ontem vi-te...
Andava a luz
Do teu olhar,
Que me seduz
A divagar
Em torno a mim.
E então pedi-te,
Não que me olhasses,
Mas que afastasses,
Um poucochinho,
Do meu caminho,
Um tal fulgor
De medo, amor,
Que me cegasse,
Me deslumbrasse
Fulgor assim.
Ângelo de Lima (1872-1921), in "Os mais belos Poemas de Amor", Editor Ausência
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ResponderEliminarUm poema que se poderá inserir na corrente literária Simbolista... Esguio e agradável, e até curioso este poema!... No entanto... Uma dúvida. Será que este poeta Ângelo Lima tem a ver com um outro poeta de nome igual que morreu em Rilhafoles nos anos 20?!... Eram contemporâneos, ou serão um e o outro a mesma pessoa?... Deixo o enigma para quem souber resolver e infromar.
ResponderEliminarÂngelo de Lima (Porto, 1872 – Lisboa, 1921) – Poeta e pintor apesar de padecer de esquizofrenia paranoide e de ter estado internado durante 4 anos (1894-1898) no Hospital Psiquiátrico Conde Ferreira no Porto e mais tarde ,em 1901, em Lisboa, no Manicómio Rilhafoles( Hospital Miguel Bombarda). Aí permaneceu praticamente o resto de sua vida até a morte, em 1921. Miguel Bombarda, médico e director do Hospital, considerou lastimosa a produção artística deste doente e declarou-o alienado e inimputável.Inicialmente a sua poesia tem cariz simbolista atravessada por laivos de incoerência e de estados delirantes de pura loucura, mas posteriormente atrai a atenção dos modernistas pelo emprego de neologismos e de uma construção de grande beleza onde se destaca a sonoridade dos versos. Em 1915 numa atitude provocatória dos Futuristas aos acomodados intelectuais da época, são publicados “ Os poemas inéditos “ de Ângelo Lima, no nº 2 da Revista Orpheu, dirigido por Fernando Pessoa e Mário Sá Carneiro. A reacção a esta escolha foi grande e forte como pretendia Fernando Pessoa e pode ser sintetizada com algumas frases de pura crítica que surgiram nos jornais tais como:"literatura de manicómio”, “os bardos do orpheu são doidos com juízo" ou "rilhafolescamente". Contudo, a poesia de Ângelo Lima é bem estruturada e apresenta poemas de grande densidade e beleza. A obra completa está publicada, em Portugal, pela Editora Assírio Alvim
ResponderEliminarAgradeço a Fátima Silva toda a informação (bastante completa, diga-se!) e todo o trabalho que teve em colhê-la. Afinal era quem eu pensava!...
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