Tudo que somos,
pouco sabemos.
Um poço imenso,
cheio de sonos.
Quando choramos,
não nos perdemos.
Viver é um sonho,
não esqueçamos.
Viver é a sombra,
o assombro, o apenas.
Tão frágeis somos!
Frágeis e imensos.
António Brasileiro, in "Antologia Poética 1968-1996", Ed. Fundação Casa de Jorge Amado,Salvador, 1996
"Tão frágeis somos!
ResponderEliminarFrágeis e imensos."
Quando penso sobre a vida, vejo que constantemente passamos...
Basta estar vivo, caminhamos para o fim do corpo material, "fragilidade", todavia, imensos nos sonhos... Desejos de conquista e vontade de continuar o somos.
Às vezes até sem ter a convicção do que realmente somos e queremos.
De tudo o que somos, do que alcançámos, nunca "ouvimos" o porquê do quanto, do que só nos restou nas nossas mãos magras, vazias e finais. Aconteceu-nos tudo, eis o quase!... E volvendo o olhar, na tortuosa estrada que nos coube percorrer, como que se escoando nos fumos de poeira do infinito, ainda divisamos a vida fugindo-nos à distância, tal como no "balanço" com que António Brasileiro nos prenda, nos alerta através do seu poema "Tudo o que somos". E que... nos faz recordar o nosso diplomata e poeta António Feijó, "desterrado" nas terras frias da Suécia..., e por fim trasladado para a idílica de Ponte Lima, ao lado da sua paixão maior. De tudo quanto aí - nessas terras nórdicas - viveu e amou (especialmente a sua Mercedes!...) António Feijó fala-nos na sua poesia, especialmente no seu poema "Pela montanha alcantilada, subíamos um dia, eu, o Amor, o Tempo, e a minha amada...". E clamava ao Tempo... - "Não corramos tanto assim, que cansada não nos pode acompanhar a minha amada!..." Todavia, o tempo mais afoito, mais ligeiro e poderoso, nos vencerá, a todos. A nós, ao Amor (talvez, primeiro...), e à nossa amorosa companheira. Saibamos aproveitar - entrementes - a fortaleza da nossa primitiva "fragilidade"! Seremos imensos, imbuídos dela, esperando que a tempestade desta vida frenética sossegue.
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