"A croata Dubravka Ugresic escreveu um brilhante exercício sobre a poética do exílio, com a memória como metáfora da possibilidade de reconstrução da vida e do passado. "O Museu da Rendição Incondicional", que acaba de sair em Portugal pela Cavalo de Ferro, é um dos mais importantes romances europeus das últimas décadas
Nomeada em 2009 para o International Man Booker Prize, a escritora e ensaísta Dubravka Ugresicć(n. 1949), nascida numa vila da antiga Jugoslávia (actualmente território croata), é uma das vozes mais originais e eruditas da literatura da Europa Central. Depois de muitos anos a ensinar literatura russa e as suas vanguardas na Universidade de Zagreb, deixou a Croácia em 1993, publicamente acusada pelo poder, no Parlamento e na imprensa, de "bruxa, traidora" devido às críticas assertivas e irónicas que fez ao regime autoritário e nacionalista do presidente Franjo Tudjman (1922-1999) e às causas da Guerra dos Balcãs. Viveu depois vários anos em Berlim, ensinando entretanto, por curtos períodos de tempo, em universidades alemãs e americanas, até que acabou por fixar-se em Amesterdão. "Quando se é um exilado voluntário e se viaja muito, chega um dia em que apetece pousar a mala e ficar ali. Aconteceu-me em Amesterdão. Ainda bem que não foi na Albânia", diz. Actualmente tem também a nacionalidade holandesa, mas continua a escrever em servo-croata. O Ípsilon entrevistou-a a propósito da recente publicação em Portugal, pela Cavalo de Ferro, de uma das suas obras mais traduzidas, muito provavelmente um dos romances mais importantes das últimas décadas do século XX escrito por um autor da Europa Central, "O Museu da Rendição Incondicional". Falou-se da Guerra dos Balcãs, dos nacionalismos, das memórias, do exílio, de Berlim, e de outras coisas. Assim como se segue."
In Ipsilón, 19/08/2011
Leia o artigo completo Dubravka Ugresic não se rende
"O Museu da Rendição Incondicional"
"No jardim Zoológico de Berlim, dentro de um expositor de vidro, estão exibidos todos os objectos encontrados no interior do estômago de Roland, a Morsa (que morreu em 1961). É com este catálogo insólito que Dubravka Ugrešić inicia o seu livro: também ele um mosaico de fragmentos narrativos, recordações e reflexões, descritos pela protagonista, uma quinquagenária croata exilada em Berlim. Fala-se de fotografias antigas, de cartas de tarot, de histórias de família, de amor (com passagem por Lisboa), de guerra e de exílio; pedaços de um puzzle que comporá, numa única imagem final, o retrato da cultura e identidade europeias. "O Museu da Rendição Incondicional" foi recebido pela crítica internacional como uma obra universal e um dos mais importantes romances contemporâneos europeus das últimas décadas." In " Cavalo de Ferro"
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