terça-feira, 26 de julho de 2011

Exposição de fotografia sobre Miguel Torga

"Uma exposição de fotografia sobre Miguel Torga, a partir de imagens captadas nos anos de 1990, é inaugurada quarta-feira em Coimbra pelo fotojornalista Carlos Jorge Monteiro (Cajó), com a participação de António Arnaut, advogado e estudioso do escritor.
A mostra reúne imagens da entrega de dois prémios ao escritor em 1992 e ainda de uma distinção feita em sua casa pelo então presidente da Caixa Geral de Depósitos, Rui Vilar, quando já eram evidentes os sinais avançados da doença que o iria vitimar a 17 de Janeiro de 1995.
As fotografias recordam a atribuição do prémio Vida Literária, entregue em Março de 1992, em Lisboa, pela Associação Portuguesa de Escritores, e o Prémio Écureuil de Literatura Estrangeira do Salão do Livro de Bordéus, França, entregue na Câmara Municipal de Coimbra, em Setembro do mesmo ano.
Nessas homenagens a Torga, segundo o autor, conhecido nos meios jornalísticos por Cajó, aparecem também retratados, entre outros, o escritor brasileiro Jorge Amado, a poetisa portuguesa Natália Correia, o antigo Presidente da República Mário Soares e o ex-secretário de Estado da Cultura Pedro Santana Lopes.
A exposição ficará patente até 27 de Agosto no Espaço de Arte do Recordatório Rainha Santa Isabel/Alfredo Bastos, em Santa Clara, Coimbra, e a sua inauguração contará com uma intervenção do advogado António Arnaut.
António Arnaut revelou à agência Lusa que na sua intervenção na abertura da exposição irá abordar a faceta cívica de Miguel Torga.
O orador destacou que a inauguração acontece no dia 27 de Julho, data do casamento do escritor com a professora universitária Andrée Crabée Rocha, em 1940, e que ainda se manterá patente na data do seu nascimento, 12 de agosto (1907).
A exposição de fotografia sobre Miguel Torga é comissariada pelo pintor surrealista Santiago Ribeiro." in Jornal I


Quase um Poema de Amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.

Miguel Torga, in 'Diário V'

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