O Jornal "Público" celebra hoje 21 anos de existência. É um jornal diário que se tem distinguido pelo rigor que enforma alguns dos seus artigos de investigação, pela clareza e acuidade editorial e ainda pela pluralidade de opinião. Esperamos que tal como o jornal a quem vamos dedicar este espaço tenha uma longa vida sem desvirtuar os princípios que conduziram à sua criação. Vá em frente. Avante "Público".
Pela singularidade, pela persistência e pelo símbolo de gerações sacrificadas em prol de um ideal, preenchemos este espaço recordando o percurso longevo ( 80 anos) do jornal "Avante!", propriedade do Partido Comunista Português.
Foram estas palavras que surgiram na manchete da primeira edição do "Avante!", a 15 de Fevereiro de 1931, há 80 anos. "O «Avante!» foi o jornal comunista clandestino que em todo o mundo, durante mais tempo, foi sempre produzido no interior de um país dominado por uma ditadura fascista. Durante décadas – de 15 de Fevereiro de 1931 ao 25 de Abril de 1974 – o órgão central do PCP orientou e mobilizou as lutas da classe operária e de todos os trabalhadores em pequenas e grandes batalhas contra o capital e contra o regime fundado por Salazar e prosseguido por Caetano, orientou e mobilizou sectores democráticos que perfilharam, com os comunistas, uma política de unidade antifascista visando o derrubamento da ditadura terrorista dos monopólios e dos latifúndios aliados ao imperialismo e a conquista da liberdade e da democracia.
Depois dos primeiros dez anos de existência atribulada, impeditiva de uma edição regular, que reflectia também a situação do Partido, a nível político, ideológico, de organização e de defesa perante a ofensiva repressiva do fascismo, o «Avante!», que sucedia a outras publicações comunistas anteriores à reorganização de 1929, conduzida por Bento Gonçalves, passou a ser publicado com regularidade mensal, sem uma falha, a partir da reorganização de 40/41, em que Álvaro Cunhal teve papel destacado. E, por várias vezes, fez tiragens quinzenais e semanais, tendo atingido, durante o período de grandes lutas dos anos 40, o número impressionante de 10 mil exemplares.
Dotado de uma rede de tipografias clandestinas – sempre que uma era atacada pela PIDE e destruída, ou presos os seus funcionários, outra tomava imediatamente o testemunho, assegurando sempre a publicação do jornal – o «Avante!» foi durante essas décadas composto e impresso por numerosos camaradas, na sua maior parte militantes anónimos, cuja vida foi dedicada a essa preciosa tarefa.
Dispondo de prelos concebidos para facilmente serem desmontados e transportados para novas instalações, utilizando caracteres de chumbo, composto letra a letra, impresso em fino papel «bíblia» - o artigo mais difícil de adquirir sob a feroz vigilância policial, o jornal comunista era depois distribuído por todo o País, pelas organizações que o faziam chegar às massas.
Muitos camaradas arriscaram a vida e a liberdade para manterem a funcionar esse aparelho, sem o qual o PCP - o único partido que resistiu ao fascismo e contribuiu decisivamente para a criação das condições para seu derrubamento - não teria uma voz nacional, influente e prestigiada.
Na vasta galeria de heróis que esta história comporta, muitos nomes ficaram soterrados no tempo. De entre os muitos que dedicaram a vida à feitura e distribuição do «Avante!» destaca-se o nome de José Moreira, responsável pelas ligações com tipografias clandestinas do Partido, assassinado pela PIDE em Janeiro de 1950. Mas a memória de todos os que deram voz ao Partido nos negros tempos do fascismo perdurará.
Com a disponibilização na Internet de 556 números e 103 suplementos do «Avante!» clandestino – publicados de 1931 a 1974 - qualquer pesquisador passa a ter a possibilidade de aceder à valiosa e única informação contida nos «Avante!»s clandestinos, abrangendo 9576 títulos.
Ao disponibilizar o acesso a esta informação, o PCP está a dar uma contribuição indispensável para quem quer conhecer verdadeiramente o que foi a ditadura fascista e a longa e heróica resistência dos trabalhadores e do povo português, luta na qual os comunistas ocupam lugar ímpar.
O «Avante!» clandestino na Internet terá duas hipóteses de visualização: através de um índice cronológico e por pesquisa em base de dados por número, por título, por autor, por série, por data de publicação e por palavras (em títulos, autor e notas)." In site do Jornal Avante
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