quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Diário de Miguel Torga

                              
O Tempo não pára, corre  e flui incessantemente, mas o  mundo nem sempre é composto de mudança. Se  a História tem um devir ciclíco, a Literatura torna-o intemporal. O registo que  Miguel Torga deixou no  seu Diário há vinte anos , podê-lo-ia ter efectuado hoje. A afirmação de que  os poetas sobrelevam o Tempo  é confirmada pelas palavras que eles nos legam. Já Umberto Eco em " Sobre a Literatura"  escrevia: "Os textos literários não só nos dizem o que nunca podemos pôr em dúvida, mas também, ao contrário do mundo, nos assinalam com soberana autoridade, o que neles se deve assumir como relevante e o que não podemos tomar como ponto de partida para interpretações livres."
Abramos, pois , o " Diário" de Miguel Torga,   poeta e escritor maior da Língua Portuguesa, falecido a 17 de Janeiro de 1995.

 Coimbra, 22 de Dezembro de 1990 - O mundo com vários abcessos prestes a rebentar. Ainda há pouco exultávamos de esperança, e já ninguém tem paz na alma. É que não há mais tempo de duração. Todas as nossas horas são ofegantes , e cadentes as estrelas anunciadas e anunciadoras . Temos tudo, e falta-nos  o essencial. É como se de repente a vida ficasse do avesso e a não soubéssemos vestir."
Miguel Torga, in " Diário XVI", Círculo dos Leitores

Sem comentários:

Enviar um comentário