sexta-feira, 23 de abril de 2010

As cinzas de Abril


Entre tornados, chuvas torrenciais, sismos e vendavais chegaram as cinzas vulcânicas produzidas por erupções há muito previstas, mas cujos nefastos efeitos não tinham sido eficaz e preventivamente tratados por esta Europa de céus vulneráveis. Em Portugal , terra sísmica e de tradição catastrófica, os milhões da crise entraram e, de suborno em suborno, eles aí andam nas primeiras páginas dos jornais e no "prime time" dos noticiários televisivos. Não queimam as mãos de quem os agarrou e muito menos de quem os perdeu. Comissões de Inquérito, Audições Parlamentares, Investigações Policiais e são milhões e milhões que voam, de bolso em bolso, neste país de pobres onde ainda se contam os tostões para que a fome não cresça antes do final do mês. A amplitude da diferença é tão aberrante que emerge quase assassina na forma como se impõe. Milhões para uns e tostões para muitos outros. E o Abril do nosso encanto assim se transformou em cinzas. Que o digam as rosas que de tão coloridas se tornaram cinzentas.

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