domingo, 30 de setembro de 2018

Ao Domingo Há Música

Havia
uma palavra
no escuro.
Minúscula. Ignorada.
Martelava no escuro.
Martelava
no chão da água.
Do fundo do tempo,
martelava.
Contra o muro.
Uma palavra.
No escuro.
Que me chamava.
Eugénio de Andrade

Quedo-me perante a beleza  de tanta voz conjugada em etérea harmonia.  Os sons chegam do fundo do tempo, despidos de qualquer entropia . E na eufónica sedução  que se evola,   encontro a palavra que me chamava: espanto. O poder prodigioso da descoberta, o encanto de ser tocado pela voz humana, pela música.

O magnífico Agnus Dei ,op.11, de  Samuel Barber (1910, West Chester, -1981, New York), pelo excelente Vlaams Radio Koor, regido pelo Maestro Marcus Creed.
Este registo foi realizado  no Studio 4, Flagey (Brussels) 2015.

sábado, 29 de setembro de 2018

Simplesmente ternura

 
Um pouco de ternura
"Nos olhos dela habitava a bondade. Um doce sorriso embalava-lhe os lábios, e a face transparecia a tranquilidade interior de quem não fora punida pelo despeito nem agredida pelo ressentimento. Era ainda nova: vivia na linha de sombra que tenuemente divide a idade das pessoas, entre maduras e velhas. De onde viera? Que idade tinha? Ninguém sabia. Por vezes, pintava os lábios murchos. Por vezes, exibia largos decotes e mangas cavadas, eis o traço lascivo dos seios, eis os braços roliços, opulentos e sensuais. Era alta, quase imponente; porém, quando subia a rua íngreme, parecia alada, os pés quase não tocavam no chão.
Aparecera no bairro e logo se organizara uma aura de mistério em sua volta. Apesar da estatura, mantinha-se discreta e reservada, pouco falava com os vizinhos. Havia dias em que cantava; cantava alto velhas canções de amor. Nas tardes de sábado, os homens reuniam-se no clube, jogavam ao loto e à sueca e, ocasionalmente, embebedavam-se.
Ela residia num pequeno apartamento, mesmo por cima do clube. Gostava de se colocar à varanda, e os homens fitavam-na, gulosos, ávidos e sôfregos. Fingia não os ver. As mulheres remoíam raivas e amuos. Ela observava o horizonte, lá, onde o Tejo forma uma laçada, e permanecia assim: abstracta, atenta e exposta. Mas gostava que a apreciassem, e divertia-se com o ciúme das outras. Às vezes dançava ao som de uma pequena telefonia. Dançava como se estivesse a dançar com o mundo, ou, quem sabe?, a pensar em alguém que amara.
As geografias sentimentais são mais ou menos favoráveis: o bairro era bom e valia tudo o que de ele se dissesse; o resto era mau, e tudo o que de pior se dissesse nunca seria excessivo. Começaram as intrigas, as suposições pérfidas, as calúnias evasivas. Não lhe perdoavam a beleza, a dignidade da postura, a pequena viração de altivez que dela se desprendia.
Suspeitaram de tudo: que era prostituta, que vivia às custas de um proprietário de imóveis, que fazia números de nu em cabarés rascas. Chegou-lhe aos ouvidos a natureza insidiosa desses boatos. Não lhes atribuiu a menor importância, o que ainda mais arreliou as outras.
Saía de casa logo pela manhã, regressava tarde, ocasionalmente ausentava-se pela noite. Acumulavam-se as suspeições. Até que, certo dia, deixou de aparecer. O falatório aumentou. Coisas medonhas foram ditas, como se de verdades se tratassem. Correu o tempo; uma semana passou, outra, e outra ainda. Para onde fora? Que seria feito dela? E se ela não regressasse, não pudesse regressar ou não quisesse regressar?
Depois, houve quem a visse. Era numa tarde em que a chuva, lamentosa, caía forte. Desapareceu no cotovelo da rua, quem a viu acelerou o passo para descortinar aonde ela ia. Entrou num prédio alto e antigo, de azulejos, e ao perseguidor assaltou a ideia de que a vizinha misteriosa talvez fosse mulher-a-dias. Este indivíduo tivera, em tempos, a veleidade de se relacionar com ela; porém, fora rejeitado com uma frase breve e ríspida. Era o ressentimento que o incitara àquela infausta perseguição.
Horas e horas decorreram. A chuva deixara de cair, o homem encostara-se a uma árvore, sem abandonar a vigilância ao prédio. Até que, finalmente, ela reapareceu. Olhou em derredor e, rapidamente, aproximou-se da árvore onde o outro se ocultava. Atrapalhou-se, o homem. E ela disse:
— Quer saber o que eu faço, não é?
— Bom…bom — Não sabia o que responder.
— Olhe: vendo ternura.
E desandou. Agora, uma brisa mansa, um vento acariciador, um pio de ave, e o silêncio. Era assim: todos os dias, ou quase, ela visitava casas de gente idosa, e recebia escassos euros para lhes ler jornais, revistas ou livros de histórias cordatas com finais felizes. Simplesmente um pouco de ternura.
Voltou à rua para se despedir da rua e ignorar as pessoas. As pessoas juntaram-se, viram-na subir o calçadão, puxar pelas pernas para escalar a escadaria enorme. Durante algum tempo pensaram nela. Nunca ninguém soube o seu nome, nem se foi feliz na vida.
Anos depois, um modesto cronista contou-a numa crónica humilde."
Baptista-Bastos (1934- 2017),em Crónica publicada .

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

A flor

Furto de flor 
Por Carlos Drummond de Andrade
"Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!"
Carlos Drummond de Andrade, in Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A música de Hans Zimmer



De Hans Zimmer, "Now we are free", na bela voz de Czarina Russel.


The Da Vinci Code, de Hans Zimmer , pela ORF Radio Symphony Orchestra Vienna , dirigida pelo Maestro Keith Lockhart, no espectáculo Hollywood in Vienna 2015

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Eventos Culturais

© Igílcia Andrade/MEF

 

NOVA EXPOSIÇÃO

Ver com outros olhos 

De 22 de setembro a 12 de novembro, Galeria do Piso Inferior do Edifício Sede, Entrada gratuita


Com uma venda nos olhos e uma máquina fotográfica na mão, Igílcia Andrade quis mostrar que “uma pessoa cega também pode fotografar”. Mas há outros fotógrafos e outras histórias neste projeto de inclusão pela Arte.
Acessível a pessoas com deficiência visual. 
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MÚSICA

Jerusalem Chamber Music Festival Ensemble

Sábado, 22 de setembro, 19:00, Grande Auditório


Não perca as 12 Variações para violoncelo e piano, em Sol maior, WoO 45, de Beethoven, as Canções Bíblicas, op. 99, de Dvořák  e As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, para quarteto de cordas, op. 51, de Haydn, tocadas pelo grupo criado por Elena Bashkirova.
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PROGRAMAS DO MUSEU

Jornadas Europeias do Património

De sexta, 28, a domingo, 30 de setembro, Coleção do Fundador


Reavive a memória para não esquecer o passado. É sob este lema que o Museu organizou uma mesa redonda e três visitas orientadas que permitem ler as coleções à luz de diferentes noções de património.
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PARCERIA GULBENKIAN – NOVA SBE

Novo mestrado em Empreendedorismo

 

A Fundação Calouste Gulbenkian e a Nova School of Business & Economics preparam-se para lançar o primeiro Mestrado em Empreendedorismo e Impacto, em Portugal. E porque uma boa notícia nunca vem só, também está a ser criado um Programa de Formação de Executivos.  
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Cascais recebe 1º Mercado da América Latina no final do mês
28 a 30 de Setembro
Mercado da Vila de Cascais
Programa / Participantes
"Naquele que se prevê que seja um ponto de encontro dos apaixonados pela cultura latino-americana, o Mercado da Vila de Cascais recebe de 28 a 30 de Setembro o primeiro Mercado da América Latina. Organizado pela Casa da América Latina e pela Câmara Municipal de Cascais, e apoiado pelas Embaixadas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, México, Panamá, Paraguai, Peru, Republica Dominicana, Uruguai , este mercado pretende dar a conhecer o espírito empreendedor por meio da diversidade cultural e gastronómica da região, através das suas comunidades que escolheram Portugal como casa.
A inauguração está prevista para as 18 horas de 28 de Setembro, sucedendo-lhe actuações de dança colombiana, música latino-americana e tango.
Sábado inicia-se com um workshop de Pisco [bebida nacional peruana], excelente proposta de aperitivo para antes do almoço – que pode e deve ser apreciado num dos inúmeros espaços que o Mercado da Vila alberga. As actuações prosseguem com música peruana e demonstrações de capoeira, forró; depois de tanta energia, nada como assistir a um espectáculo de Show Cooking protagonizado pela chef mexicana Marta Tomé. Segue-se uma conversa com as escritoras Cristina Norton (Argentina) e Karla Suarez (Cuba), que antecedem as actuações dos místicos e coloridos Alebrijes e dos Latin Fusion Project.
No último dia, haverá degustação de chá de erva de Mate e sopa paraguaia, mais uma conversa com aqueles que melhor manejam as palavras – desta feita com alguns vencedores do Prémio SESC – e ainda muita dança pautada pelos ritmos latino-americanos.
Estas e muitas outras actividades farão parte do fim-de-semana mais latino-americano em Portugal de sempre!" Casa da América Latina, CAL

Lucía Echagüe apresenta “De Aire” na CAL
28 de Setembro
21h30
Casa da América Latina
Entrada: 5€
"Lucía Echagüe apresenta De Aire no próximo dia 28 de Setembro, às 21h30, na Casa da América Latina.
Nascida em Buenos Aires, a cantora e compositora reside em Lisboa desde 2001. O seu segundo álbum, De Aire, é pautado pela convivência entre diversas identidades musicais, tais como o folclore argentino, o flamenco e o jazz.
Neste novo trabalho, disponível nas plataformas digitais, a artista argentina conta com a colaboração do guitarrista e produtor angolano Ricardo Quinteira.
Lucía Echagüe estreou-se em 2010 com o álbum Todo Puede Ser, que foi gravado em Madrid com temas do cantautor cubano Julio Fowler e que contou com a produção musical de José Mestre." Casa da América Latina, CAL




PARA LER
Título: A Ordem do Tempo
Autor: Carlo Rovelli
Pág.: 190
Data de Lançamento: 18.09.2018

Editora: Objectiva
Sinopse: "Numa abordagem luminosa e apaixonante, o físico Carlo Rovelli traz-nos um novo entendimento sobre o maior mistério da humanidade. Um mistério que diz respeito a todos nós, porque o experienciamos a todo o momento. O tempo. O que é o tempo e até que ponto o compreendemos? Temos uma existência no tempo ou o tempo existe dentro de nós? O que significa a ideia do «correr» do tempo? Estará o passado realmente fechado e o futuro tão em aberto como julgamos? E o tempo existe, de facto? Escrito com a vitalidade poética que imprimira anteriormente a Sete breves lições de física, este é o ensaio científico e filosófico que mudará para sempre a nossa relação com a vida e com o Universo, porque para compreender o tempo precisamos de reflectir sobre nós. Combinando arte, filosofia e ciência, Carlo Rovelli transforma esta missão divulgadora sobre o mistério do tempo no maior dos prazeres, na mais bela das histórias."

Sobre o autor: Carlo Rovelli é físico teórico e membro do Instituto Universitário de França e da Academia Internacional de Filosofia e das Ciências. Trabalhou em Itália, Estados Unidos e França. Com vários livros publicados na área, Sete Breves Lições de Física trouxe-lhe a merecida admiração de académicos e leigos, conquistando mais de um milhão de leitores à volta do mundo."

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Um dia voltaremos à Ilha Negra

Neruda
Por Julio Cortazar
“Tão próximo como está na vida e na morte, toda tentativa de ‘fixá-lo’ a partir da escrita corre o risco de qualquer fotografia, de qualquer testemunho unilateral: Neruda de perfil, Neruda poeta social, as abordagens usuais e quase sempre falíveis. A história, a arqueologia, a biografia, coincidem na mesma tarefa terrível: espetar a borboleta no cartão. E o único resgate que as justifica vem da região imaginária da inteligência, de sua capacidade para ver, em pleno voo, aquelas asas que já não são cinza em cada pequeno ataúde de museu.
Quando entrei pela última vez no seu quarto, na Ilha Negra, em Fevereiro deste ano, Pablo Neruda estava na cama, talvez já definitivamente imobilizado, e no entanto sei que naquela noite andámos juntos, por praias e sendas, que chegámos ainda mais longe do que dois anos antes, quando ele veio me receber na entrada da casa e me quis  mostrar as terras que pensava doar para que depois de sua morte erguessem ali uma residência para escritores jovens.
Assim, como se estivesse passeando ao seu lado e ouvindo as suas palavras, gostaria de dizer aqui a minha palavra de latino-americano já velho, porque muitas vezes no turbilhão da quase impensável aceleração histórica do século senti dolorosamente que para muitos a imagem universal de Pablo Neruda era uma imagem maniqueísta, uma estátua já erigida que os olhos das novas gerações olhavam com o respeito entremesclado de indiferença que parece ser o destino de todo bronze em toda a praça.
Gostaria de poder contar a estes jovens de qualquer país do mundo, com a simplicidade de quem encontra os amigos num bar, as razões de um amor que transcende a poesia por si mesma, um amor que tem outro sentido, diferente do meu amor pela poesia de John Keats ou de César Vallejo ou de Paul Eluard; falar do que ocorreu nas minhas terras latino-americanas nesta primeira metade de um século que já se confunde para eles na continuidade de um passado que tudo devora e confunde".
(…)“Conheci muito pouco o homem Pablo Neruda, porque entre os meus defeitos está o de não me aproximar dos escritores, preferir egoisticamente a obra à pessoa. Tive dois testemunhos do seu afecto por mim: um par de livros com dedicatória que me remeteu para Paris, sem jamais ter recebido nada meu, e uma página que enviou para a revista cujo nome não me lembro, na qual generosamente tentava aplacar uma falsa, absurda polémica entre José Maria Argüedas e mim , a propósito de escritores residentes e escritores exilados”.
(…) “Na minha primeira visita, dois anos antes, tinha me abraçado dizendo um ‘até logo’ que se cumpriria na França; dessa vez nos fitou por um instante, suas mãos nas nossas, e disse: “Melhor a gente não se despedir, não é mesmo?”, os fatigados olhos já distantes.
Era assim mesmo, não tínhamos que nos despedir; isto que escrevi é a minha presença junto a ele e junto ao Chile. Sei que um dia voltaremos à Ilha Negra, que o seu povo entrará por aquela porta e encontrará em cada pedra, em cada folha de árvore, em cada grito de pássaro marinho, a poesia sempre viva deste homem que tanto o amou”.
Julio Cortazar, in Obra Crítica/3,  Editora Civilização Brasileira , 2001

PABLO NERUDA, como era conhecido Neftalí Ricardo Reyes, nasceu em Parral, em 1904, e morreu em Santiago, Chile, em 1973. Em 1971, recebeu o Prémio Nobel de Literatura.

JULIO CORTÁZAR, filho de pais argentinos, nasceu em Bruxelas, em 1914; foi educado na Argentina, onde estudou Letras e trabalhou como professor em áreas rurais do país; era naturalizado argentino. Em 1951, mudou-se para Paris, onde morreu no ano de 1984.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Um homem morreu de fome

Notícia de jornal 
Crónica de Fernando Sabino
"Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da  alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
Morreu de fome." Fernando Sabino

domingo, 23 de setembro de 2018

Ao Domingo Há Música



                     Sentia-me parcela daquela força que me fazia oscilar; 
                      cada vez uma parte maior dela; até que finalmente
                      eu era essa própria força,  confundindo as pulsações
                      do meu sangue com as grandes batidas  sonoras
                      do coração omnipresente da natureza.
                                                       Albert Camus, Le Désert

Muda o Verão para um outro Outono . O fluir contínuo da Natureza que se realiza autónomo e imparável.  Agiganta-se, apequena-se perante nós , segundo o tempo que nela se reproduz. Tantos dias, tantos meses, um rodopiar de estações   sentido , vivido quando a vida já se fez longa. Cresce e reduz-se conforme se esgotam os anos. " O nosso ser é ser no Tempo".
Talvez este tempo se deva estender ao homem. Pintá-lo com todas as estações. O  Outono , que chega,  seria a estação  para eliminar a angústia que semeou. Teria de dar fim ao caos que se instalou por esse mundo fora. As imagens diárias, que nos chegam, são a dor que nos envergonha.  
O homem teria de homenagear a Natureza. Sentir-se parte integrante da sua força para que o funcionamento do tempo repusesse no Mundo  a misericórdia, a universalidade da paz.  Permitir a todos os homens sentir  o verdadeiro  pulsar do seu coração, alinhado com as batidas da Natureza.
Seria, então, o primeiro  Outono para o resto de todas as vidas.

O talento de Hans Zimmer, em " One day".

sábado, 22 de setembro de 2018

As maiores histórias de amor

As 10 maiores histórias de amor da literatura em todos os tempos
As 10 maiores histórias de amor da literatura 
Por Helena Oliveira
"Ao longo da história, o amor foi tema central de obras que se transformaram em verdadeiros ícones da literatura. A revista Bula realizou um inquérito com os seus leitores para descobrir quais são as mais importantes delas. Os dez livros mais citados foram reunidos numa lista, sem critério classificativo. Entre elas estão “Romeu & Julieta” (1957), de William Shakespeare, uma das histórias românticas mais difundidas em todo o mundo; “O Amor nos Tempos de Cólera” (1985), de Gabriel García Márquez, cujo enredo foi inspirado na paixão proibida vivida pelos pais do autor; e “O Corcunda de Notre Dame” (1931), de Victor Hugo, que aborda as diferentes facetas do amor: da possessão ao amor ideal e puramente afectuoso. Os comentários são adaptações das sinopses das editoras.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

10 monumentos subaquáticos

Museu Subaquático de Arte de Cancún (México) / JASON DE CAIRES TAYLOR
Museu Subaquático de Arte de Cancún (México) / JASON DE CAIRES TAYLOR
10 monumentos estranhos debaixo de água
"Mesmo que a convicção de que conhecemos melhor o espaço do que os oceanos seja falsa, o certo é que as profundezas marinhas continuam a ser um grande mistério. Estima-se que o ser humano só explorou cerca de 5% dos oceanos, que ocupam 71% da superfície da Terra. Isto significa que ainda nos falta muito por conhecer do nosso planeta. A galeria de hoje é um pocuo fora do comum. Mostramos 10 monumentos estranhos debaixo de água."Observador/Idealista