sábado, 1 de julho de 2017

Meu país

Azenhas do Mar - Sintra, Portugal
Meu País Desgraçado

Meu país desgraçado!…
E no entanto há Sol a cada canto
 e não há Mar tão lindo noutro lado.
 Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
 nem pássaros, nem águas…

Meu país desgraçado!…
Porque fatal engano?
 Que malévolos crimes
 teus direitos de berço violaram?

 Meu Povo
 de cabeça pendida, mãos caídas,
 de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
 a causa da miséria se te esconde.

 E em nome dos direitos
 que te deram a terra, o Sol, o Mar,
 fere-a sem dó
 com o lume do teu antigo olhar.

 Alevanta-te, Povo!
 Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
 a calada censura
 que te reclama filhos mais robustos!

 Povo anémico e triste,
 meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
 Vai-te de novo ao Mar!
 Reganha tuas barcas, tuas forças
 e o direito de amar e fecundar
 as que só por Amor te não desprezam!
Sebastião da Gama, in 'Cabo da Boa Esperança', Edições Ática

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