segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

TEMPO

TEMPO

Num atropelo
foram passando os anos

Simulando vagares de eternidade 
a burilar os sonhos
que sonhamos e a acrescentar
saudades à saudade

Num sobressalto
fomos tomando o gosto

Às  infiéis constelações
das nossas rimas
no rasto de anjos e paixões
feitas de fulgores e neblinas

Num alvoroço
foi-se ganhando o tempo

Tecendo o poeta verso a verso
o corpo da poesia acalentada
no excesso e no gosto do colher
sedento a seduzir cada palavra

Num tumulto
fomos iludindo o nada

Na partilha astuciosa do prazer
numa grande vontade adivinhada 
escrever com a língua portuguesa
dizendo do país Poema e asa
Maria Teresa Horta, in  a vista desarmada , o tempo largo, Antologia- Poetas em homenagem a Vasco Graça Moura,Quetzal editores, 2012,  p. 48

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