segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Manoel de Andrade entre nós

Manoel de Andrade e mulher, Neiva Piacentini,
  em Portimão - Algarve
Falar de Manoel de Andrade , da sua obra, do seu talento,  tem sido uma actividade regular deste blog. Quando no rescaldo de uma pesquisa sobre Poesia de Resistência foram publicados os primeiros poemas , o vínculo ficou estabelecido. Manoel de Andrade era um dos nossos.
Poeta fértil e de obra maior foi sucessivamente visitado e exposto, com prazer redobrado, nestas páginas.
Lisboa
Visitou-nos. Foi memorável  o nosso primeiro encontro, em Lisboa.
Do Bairro Alto  ao Convento de Mafra, do Castelo de S. Jorge ao  Palácio da Pena , do areal do Guincho à Ponte sobre o Tejo, tudo se compôs para uma visita celebrada. Com paragens para palestras na Fundação José de Saramago para escutar Nuno Júdice, ou no encalço de Fernando Pessoa no Café Martinho da Arcada e  no  rasto de Camões e de outros tantos das Letras lusas, ou , ainda,  a perscrutar as estantes das livrarias mais icónicas, encheu-se  de intenso prazer o itinerário possível dessa curta estadia.
Manoel de Andrade partiu com Portugal na bagagem. E nós com a lembrança de um poeta e de um novo  rosto no círculo dos amigos inolvidáveis.
Algarve
Neste Outubro de 2016,  voltou e ficou entre nós, neste Algarve luminoso. Manoel de Andrade, o poeta, o amigo, pisava pela primeira vez este recanto  de Portugal.
Trazia, com ele,  livros, cultura  e muito Brasil . Logo , no primeiro instante, se deixou capturar pelo azul do Algarve e pelo cheiro doce do campo , salpicado de pomares e de estevas. 
Portimão

Encimada pela serra de Monchique, a cidade de Portimão estende-se até ao Mar, onde se alberga a Praia da Rocha. E foi aí, tendo como fundo o Rio Arade a beijar o Mar, que Manoel de Andrade se instalou.
Castro Marim
Percorrer o Algarve era um dos objectivos da estadia. Do Cabo de S. Vicente, sob um por de sol esplendoroso,  a Castro Marim, subjugada pelo Guadiana e pela singeleza do local, Manoel de Andrade fez honras à descoberta de um novo tesouro. O Algarve não era apenas e tampouco a referência turística que circulava no mapa do veraneante. 


Sagres
Sagres
O Algarve tinha a marca e o desenho milenar da História dos povos. Deslumbrou-se com Sagres e seu promontório, carregado de tantos empreendimentos,  que levaram mundo fora os velhos  marinheiros à descoberta de um  novo mundo de onde ele provinha. Era a história ao vivo. Não a do acidental achamento das ocidentais Índias. Era o passado que fazia deste local uma referência. 
Manoel de Andrade no Castelo de Silves
Castelo de Silves


Em Silves, reconheceu a marca da presença árabe. O castelo assinalando tanta passagem  e o  esplendor edificado surpreendeu-o, acrescido pelas novas descobertas arqueológicas que dão aos olhos o esquisso diferenciado de outras antigas presenças  que  foram povoando este local. 
Lagos
Tavira

Lagos e Tavira , as mais belas cidades do Algarve. Uma sombreada por um mar soberbo  que deixa a descoberto o desenho de uma das mais belas baías algarvias; a outra debruando, em formosa harmonia, o rio Séqua/Gilão. Quer em Lagos , quer em Tavira, as muralhas impõem-se para   recordar que as cidades já foram povoações protegidas .
Faro, capital do Algarve
Em Faro, a capital, encantou com o seu formoso e vetusto reduto  que sempre exibe como ex-libris da excelência arquitectónica: a cidade velha, entre muralhas.
Lagos
Tavira
Manoel de Andrade no Núcleo Museológico Islâmico de Tavira
Tavira preserva, junto ao rio e em muitas ruas e ruelas, a traça  própria e tradicional desta região do Sul. Nesta cidade, o  núcleo museológico islâmico patenteava uma excelente exposição que condimentou e complementou  a visita. 
Ponte romana de Silves

Ponte romana de Tavira
As pontes romanas , em Silves e Tavira, mereceram registo e contemplação. Sinais de um outro tempo que deixou rasto nesta zona.

Monchique
Monchique


Monchique o outro rosto do Algarve. Majestosa no seu traçado de disperso e imponente relevo, revelou-se na sua magnitude verde, na   intensa frescura de uma paisagem rica e variada. Monchique foi o apelo enamorado de um tempo distante, onde a história do Algarve também se construiu. Os sabores da terra deliciaram-lhe  o paladar e  o olfacto.
E o Algarve soube acolher o poeta. Em Portimão, louvaram-lhe  as palavras proferidas em brilhantes Palestras e saudaram-no com novas amizades, geradas na simplicidade do trato e na franca transparência do carácter.
Dias  que nos enriqueceram pela partilha de saberes, pela discussão de temas afins, pela eloquência de quem sabe manejar a arte de bem escrever, pela generosidade de quem chega e traz  consigo  o mundo que só os poetas sabem transportar.
Foram dias de intenso viver. Com Manoel de Andrade  e sua mulher, Neiva Piacentini de Andrade , a saudade readquiriu uma outra dimensão.
O Algarve não os esquecerá.

Sem comentários:

Enviar um comentário