domingo, 30 de agosto de 2015

Ao Domingo Há Música

A cette époque, même un  jeune homme pauvre pouvait former le projet somptuex de tranverser une mer à la rencontre de la lumièreCamus ,in "Prométhée aux Enfers", 1946

África . Um continente de múltiplas surpresas. Quem o descobre  acalentá-lo-á na memória. Memória que se construirá em  muitas emoções: fortes, resplandecentes, gloriosas, chocantes, jubilosas, doloridas, mas sempre grandes à imagem da sua própria dimensão. Emoções imperecíveis que deixarão um rasto de ostensiva profundidade.
Estive, em África, em diversas épocas por tempos diferentes. Tenho armazenadas imagens tão intensas que , por vezes, se tornam  indizíveis, embora algumas já tenham sido registadas, neste espaço. E, como a memória é um veículo que nos transporta quando o desejamos, resolvi voltar a África para  refruir alguns dos sons  que sempre nos surpreendem pela sua beleza natural e  genuina melodia.
Agosto está a findar. Foi um mês tumultuoso: calor, alterações climáticas e muitos dramas de terrível sofrimento. Dramas que chocaram e continuam a chocar, em tragédias reais de milhares de refugiados que tentam sobreviver numa Europa que não se preparou para efectivar aquilo que sempre apregoou: o direito fundamental do ser humano à VIDA. Vida que tentam preservar , fugindo, muitos deles, duma pátria que mata. Imagens dolorosas de uma realidade que , dia após dia, encheram os noticiários deste Agosto, mas sobretudo evidenciaram a falta de solidariedade entre os homens e quão manipulador é o discurso político e do Poder. Mortes e mortes que são negócio de piratas e se apresentam como uma hecatombe que atingiu a Europa. Os novos muros da Hungria, as reuniões  do Conselho Europeu que se traduzem em inconsequentes discursos de ocasião e que nos envergonham, com as manifestações de autêntica xenofobia , em alguns dos países destes doutos conselheiros. Uma Europa sem tecto, mas murada e em vias de se fortificar - qual feudo medieval.
Muitos destes refugiados vêm de África, após uma viagem gorada , frequentemente maldita e mortífera. 

A primeira canção que se apresenta, "Clandestin", interpretada por  Fatoumata Diawara,  natural da Costa do Marfim,  retrata a realidade dos emigrantes clandestinos conforme as  palavras desta cantora e actriz:
 "Un jour ils ont voulu voyager comme tout le monde. Un jour ils ont décidé de traverser l'océan. On leur a dit qu'ils n'avaient pas le droit. Leurs dirigeants ne peuvent-ils rien faire pour les encourager à rester pour construire ensemble une vie meilleure ? 
Cela leur a donné encore plus envie de voyager: plus on te refuse, plus l'envie est grande! On leur dit « Non! » Après 10 ans de refus à leurs demandes de visa ils décident de partir à pied ! Le voyage dure un jour, un an, deux ans, cinq ans, dix ans...beaucoup périssent, meurent sur la route et personne n'en sait plus. Ils sont appelés «Clandestins», mais moi je les appelle guerriers car il n'est pas facile de tout laisser derrière soit et de se confier à l'inconnu. En Bambara, nous les appelons les nomades. Partir est une vraie culture chez nous, c'est pourquoi je les appelle par leurs vrais noms. Cette chanson est dédiée à tous les frères qui sont morts pendant ce voyage et à ceux qui sont déjà en route ! Les parents les pleurent chaque jour !"


Natural do Mali, África Ocidental, Salif Keita  é descendente de Sunjata Keit , o  fundador do Império do Mali, em 1240. Apesar dessa nobre origem, Salif Keita nasceu, na pequena aldeia Djoliba, em 1949. Albino, numa terra de muito sol, onde a superstição envolve profundamente esse distúrbio genético, Salif Keita teve de lutar para se afirmar como cantor . Aos 18 anos, foi para a capital, Bamako , começando a cantar nas ruas e em bares. O sucesso e reconhecimento  chegaram , mas  construidos com muito labor e tenacidade.
Ei-lo na bela canção " Ana Na Ming".

 E  outra canção, Timbuktu Fasso, na voz de Fatoumata Diawara, composta pela cantora e  Amine  Bouhafa  para o filme Timbuktu de Abderrahmane Sissako que tem, como tema, a  cidade de  Timbuktu,  no  Mali, durante o período da  ocupação por  Ansar Dine.

THIS IS MY LAND
This is Timbuktu, my home land,
Where the children are mourning from gloom,
This is my land, Timbuktu «the Maliba»,
The land of love,
The land of warmth,
The land of dignity,
Here is my Nation...
Why are we crying?
Why are the children crying?
Why are the young crying?
Cause of unfairness,
Cause of violence,
Fearing the future...
Here is my home
Stop crying
Cause no matter what, Timbuktu will remain

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