terça-feira, 21 de julho de 2015

O amor é uma forma de iniciação

"E confesso que a razão fica confundida perante o prodígio do amor, da estranha obsessão que faz com que esta mesma carne, que tão pouco nos preocupa quando compõe o nosso próprio corpo, limitando-nos a lavá--la, a alimentá-la e, se possível, a impedi-la de sofrer, possa inspirar-nos uma tal paixão de carícias simplesmente porque é animada por uma individualidade diferente da nossa e porque representa certos lineamentos da beleza sobre os quais, aliás, os melhores juízes não estão de acordo. Aqui a lógica humana fica aquém, como na revelação dos Mistérios. A tradição popular não se enganou ao ver sempre no amor uma forma de iniciação, um dos pontos em que o secreto e o sagrado se encontram."
Marguerite Yourcenar,in  "Memórias de Adriano"(1951), Ed. Ulisseia

Sobre o livro:"Memórias de Adriano tem a forma de uma longa carta dirigida pelo velho imperador, já minado pela doença, ao jovem Marco Aurélio, que deve suceder-lhe no trono de Roma (século II d.C.). Pouco a pouco, através desta serena confissão ficamos a conhecer os episódios decisivos da vida deste homem notável. 
Vencedor do prémio Femina Varesco. Este romance é um dos mais importantes de Marguerite Yourcenar e uma das obras de referência da literatura contemporânea."

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