sábado, 2 de maio de 2015

Mas ninguém meu amor


NINGUÉM MEU AMOR

Ninguém meu amor 
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos 
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer 
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em fuga que dobramos
fechando-nos os olhos.
Sebastião Alba, in "O ritmo do presságio", Edições 70

Sem comentários:

Enviar um comentário