sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Sobre a Ascensão do Ocidente

" O Triunfo do Ocidente - a verdadeira história de uma vitória fundada na Razão, Ciência e Liberdade" chegou às Livrarias portuguesas, no final de Setembro último. O seu autor , Rodney Stark, é natural dos Estados Unidos da América. 
Rodney Stark é licenciado em Berkeley, foi professor  na Universidade de Washington e é, desde 2004, professor de Ciências Sociais  na Universidade  de Baylor, onde é também co-director  do Instituto  para o Estudo das Religiões. Autor de 32 livros, está traduzido em 13 línguas , do chinês  ao alemão, do francês  ao japonês. O Triunfo do Ocidente é o seu primeiro livro  a ser publicado em Portugal. 
Na Introdução, sob o título Aquilo que não se sabe sobre a ascensão do Ocidente , Rodney Stark apresenta algumas das razões que conduziram à redacção deste livro. Apresentam-se excertos das primeiras páginas dessa Introdução.

"Este é um livro invulgar: escreve-se ao avesso dos ditames da moda.
Quarenta anos atrás, " Civilização Ocidental" era o curso mais importante e popular no leque de opções disponíveis para os alunos que entravam nas melhores universidades americanas. Cobria não só a história geral do Ocidente como incluía ainda estudos generalizados sobre arte, música, literatura, filosofia e ciência. Mas este curso desapareceu há muito do currículo da maior parte das faculdades com a justificação de que a civilização ocidental é apenas uma entre muitas civilizações e de que estudar essa civilização, que é a nossa, é uma atitude etnocêntrica, uma posição arrogante da nossa parte. 
Ganha cada vez mais terreno a ideia de que abrir um curso sobre "Civilização Ocidental" ´e tornar-se apologista da "hegemonia e opressão do Ocidente" ( nas tão adequadas palavras do classicista Bruce Thornnton) . Assim sendo, Stanford deixou cair o seu curso, altamente cotado, sobre Civilização Ocidental poucos meses apenas depois de o reverendo Jesse Jackson ter entrado no campus, à frente de um grupo de membros da União de estudantes Negros, ao som de cânticos que reclamavam a sua eliminação: " Hey-hey-hey, ho-ho, Western Civ has got to go". (...)
Enquanto prevalecer esta política, será cada vez maior a ignorância dos americanos sobre o processo que deu origem ao mundo moderno. Pior ainda: correm o perigo de ser terrivelmente enganados  por um dilúvio de invenções  absurdas, politicamente correctas, todas elas extremamente populares nos campus universitários: que os gregos  copiaram toda a sua cultura dos egípcios  negros. Que a ciência europeia teve as suas origens no Islão. Que a opulência ocidental foi roubada a sociedades não ocidentais. Que a modernidade ocidental foi roubada a sociedades não ocidentais. Que a modernidade ocidental se iniciou na China e, para dizer a verdade, em tempos não tão longínquos  como isso. A verdade  é que, embora o Ocidente tenha  sensatamente importado da Ásia diversos elementos tecnológicos , a modernidade é totalmente um produto da civilização ocidental.
Uso o termo "modernidade" para definir  essa reserva de conhecimentos e procedimentos científicos, tecnologias de ponta, feitos artísticos ,liberdades políticas, acordos económicos, sensibilidades morais e melhoria de padrões e de vida que caracterizam os países ocidentais e estão agora a revolucionar a vida no resto do mundo. A verdade, porém, é outra: sempre que outras culturas incapazes de adoptar , pelo menos, os aspectos mais significativos do modo  de vida ocidental, o atraso e a pobreza continuaram, nelas , a ser soberanos.
As ideias têm peso
Este livro, contudo, não se limita  a ser um sumário das  aulas-padrão  dos velhos cursos  de "Civilização Ocidental". Apesar do seu valor, esses cursos reflectiam muitas vezes um completo enamoramento pela filosofia e pela arte, eram demasiado relutantes em reconhecer os efeitos positivos do cristianismo e branqueavam inacreditavelmente os progressos na tecnologia, em especial aqueles que transformam ocupações práticas tais como a agricultura e actividade bancária.
Além disso, ao escrever este volume, foi-me muitas vezes necessário contestar os conhecimentos que recebera sobre a história do Ocidente. Para referir apenas alguns exemplos:

  •  Muito além de uma grande tragédia, a queda de Roma foi o acontecimento singular mais benéfico na ascensão da civilização ocidental.Os muitos séculos de embrutecimento sob o domínio romano viram apenas dois exemplos significativos de progresso: a invenção do cimento e a ascensão do cristianismo, acabando esta última por impor-se apesar das tentativas de Roma para o evitar.
  • A «Época das Trevas» nunca existiu - foi, isso sim, uma época de progresso e inovação que incluiu a invenção do capitalismo.
  • Os cruzados não avançaram para Oriente em busca de terras e despojos.Ficaram profundamente endividados para poderem financiar a sua participação naquilo que consideravam uma missão religiosa. A opinião generalizada era a da improbabilidade da sua sobrevivência e consequente regresso a casa ( e, na esmagadora maioria dos casos, foi precisamente isso que aconteceu).
  • Embora a maior parte dos historiadores continue a ignorá-las, as mudanças drásticas no clima desempenharam um papel fundamental na ascensão do Ocidente - a um  período de tempo invulgarmente quente ( de cerca de 800 até cerca de 1250) seguiram-se séculos de um frio extremo, hoje conhecido como a Pequena  Idade do Gelo ( de cerca de 1300 até cerca de 1850).
  • Não houve nenhuma «Revolução Científica» durante o século XVII - as brilhantes conquistas que a caracterizaram foram o culminar do progresso científico normal que remonta à fundação das universidades no século XII por filósofos escolásticos da Natureza.
  • As reformas não originaram a liberdade religiosa: limitaram-se a substituir o monopólio de igrejas católicas repressivas pelo monopólio de igrejas protestantes igualmente repressivas (celebrar a missa, na maior parte da Europa protestante, passou a considerar-se uma ofensa punível como um crime).
  • A Europa não enriqueceu sugando as colónias de todas as suas riquezas; pelo contrário: foram as colónias a sugar a riqueza da Europa - ganhando com isso todos os benefícios da modernidade.
Tanto os textos de apoio como os orientadores dos velhos cursos de Civilização Ocidental se contentavam também em descrever a ascensão da civilização ocidental, evitando de forma geral quaisquer comparações com o Islão ou com a Ásia e ignoravam a questão de porque a modernidade acontecera apenas no Ocidente. É essa a história pouco conhecida que me proponho contar.
Aprofundar esta questão não é ser etnocêntrico: é a única maneira de conseguir perceber, a um nível que não seja meramente superficial, a forma como veio a surgir o mundo moderno e a razão por que isso aconteceu.
Recuando no tempo, observamos que a China estava bem à frente  da Europa no que se refere a muitas das tecnologias vitais. Mas, quando os navegadores portugueses chegaram à China em 1517, foram lá encontrar uma sociedade atrasada onde as classes privilegiadas estavam muito mais preocupadas em estropiar as raparigas enfeixando-lhes os pés do que em desenvolver e aprofundar métodos de agricultura produtiva, apesar de a escassez alimentar e a fome  serem frequentes. Porquê?"
Rodney Stark, in " O Triunfo do Ocidente - a verdadeira história de uma vitória fundada na Razão, Ciência e Liberdade", 1ª edição, Setembro de 2014, Guerra e Paz Editores

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O Canto

Hardmusic
Carminho: "O canto" do Mundo do Fado Português
"Carminho apresentou pela primeira vez ao público alguns temas do seu novo disco, "Canto", que "tem as minhas grandes referências, as do Fado e as da vida..." no Centro Cultural de Belém, no passado dia 23.
"Apesar de ainda não ter saído oficialmente, sai aqui para vocês o meu "Canto"" disse Carminho para um Grande Auditório do CCB quase esgotado e que foi palco de um concerto em que a fadista apresentou alguns temas novos, antigos e os grandes sucessos que já constam da sua carreira.
Estreou-se a cantar em público aos doze anos, no Coliseu. Em 2009 editou o seu primeiro álbum Fado que arrebatou público e critica e com o qual uma digressão em que efectuou perto de sessenta concertos entre Portugal e Espanha. No final de 2012, após cumprir mais de noventa datas em Portugal e no estrangeiro, Carminho gravou com Milton Nascimento, Chico Buarque e Nana Caymmi, resultando numa reedição de Alma com os três novos temas. No ano de 2013 Carminho afirmou-se como uma das mais internacionais artistas portuguesas, levando a sua voz aos quatro cantos do mundo e viu ambos os seus álbuns atingirem a marca da dupla platina.
Agora chegou a vez de "Canto" um disco que contém "as minhas grandes referências, as do Fado e as da vida, porque o mais importante é fazer com amor". E amor foi o que as palavras por si cantadas transmitiram.
Muitas vezes classificada como uma fadista de registo dramático e que transmite dor e sofrimento nas expressões enquanto interpreta, Carminho transforma por completo essa faceta com este novo trabalho, mantendo o mesmo sentimento e garra que sempre a caracterizaram, mas num estilo mais leve, mais apaixonado.
Acompanhada pelos seus músicos de confiança (Luís Guerreiro, Marino de Freitas, Diogo Clemente, Ruben Alves e André Silva), a fadista cantou desde o Fado tradicional ao Fado canção sempre intercalados com uma boa comunicação com o público, "mesmo que um pouco nervosa" devido a ser o primeiro concerto do novo disco.
Do reportório desta noite notou-se uma forte influência brasileira com temas de Marisa Monte ou Caetano Veloso a que deu uma dimensão superior com a sua distinta voz bem suportada em excelentes arranjos musicais. As suas tão distintas influências têm na sua voz o "canto" do mundo na canção de Portugal, o Fado.
Com uma voz naturalmente bela e encantadora explicou depois a história por detrás do tema "Bom dia Amor" de Diogo Clemente. Inspirado no único heterónimo feminino de Fernando Pessoa, de nome Maria José, tratava-se de uma senhora "corcunda e com tuberculose" que conhecia a vida de um serralheiro que passava todos os dias na sua rua. Uma história de amor triste já que o tal serralheiro não sabia da existência de Maria José, mas bonita pela personagem ter um motivo para se levantar todos os dias, por ter uma razão de ânimo na vida.
Carminho não se esqueceu de relembrar alguns nomes grandes do Fado como Alfredo Marceneiro com "Escrevi teu nome no vento" que ouviu muitas vezes pela sua mãe, de mostrar a sua faceta de compositora com "Andorinha" ou ainda revelar jovens letristas talentosos como Martim Vicente que escreveu um tema a pensar na sua voz, "A canção" interpretada ontem de forma sublime e com uma letra e uma mensagem poderosa.
"Saia Rodada" é o single de apresentação do seu novo disco que promete tornar-se mais um grande sucesso, tendo um ritmo que convida a dar uns passos de dança e uma letra que fica no ouvido, ganha o sentimento que só o Fado transmite e que a sua voz projecta. Ontem teve direito a ser interpretado duas vezes e em ambas foi muito aplaudido pelo público.
Quase duas horas em que fez os corações parar e os ouvidos elevarem-se ao céu, provando estarmos presentes perante uma das melhores fadistas da actualidade.
O sorriso no rosto da fadista, as pequenas histórias que contou para explicar os temas que cantava e as vénias feitas em forma de agradecimento mostraram a naturalidade da artista que a tem levado a conquistar o seu espaço na música nacional e internacional. Nesse dia conquistou o CCB." Hardmusic,24.10.2014

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Literatura de Ernesto Sabato

Ensaio
O feminino e o masculino na literatura do escritor argentino Ernesto Sabato
Para o escritor argentino a ideia defendida por Simone de Beauvoir, para quem “ninguém nasce mulher, torna-se”, não respeita as diferenças primordiais entre o feminino e o masculino, pois transforma homens e mulheres em opções culturais, e não físicas e psicológicas.
Sofia Moro
Ernesto Sabato, considerado um dos maiores autores da
história da literatura argentina

Por Carlos Russo Jr.
Especial para o Jornal Opção
"Mais de três décadas são decorridas des­de o nosso encontro. Papeamos du­ran­te toda a noite. Dom Ernesto, um homem aberto, como ele mesmo se dizia, “era um heterodoxo”. E mais, por sua formação ser em física e em matemática, ele sentia-se à vontade para opinar, “mesmo sem rigor metodológico” sobre quase todos os assuntos, desde arte à filosofia, passando, pela política e pelas religiões. Corajoso, trazia sempre a dialética de seu “existencialismo” como escudo para o combate às ortodoxias.
Pedi-lhe que em uma frase definisse sua ideologia, sorrindo disse-me com empolgação: “Sou um anarquista! Um anarquista no sentido melhor da palavra. O povo crê que anarquista é aquele que põe bombas, mas anarquistas foram os grandes espíritos, por exemplo, Liev Tolstói”.
A temática de nosso encontro principiou por um texto que dom Ernesto publicara há alguns anos, que entre outras temas, tecia críticas à Simone de Beauvoir, para quem “ninguém nasce mulher, torna-se”. Ele se opunha radicalmente a essa negação das diferenças primordiais entre o feminino e o masculino. A ideia, que lhe parecia profundamente ingênua, de que todos os seres humanos nasciam iguais, invadia a sua concepção do campo da sexualidade, pois essa “ideia transforma homens e mulheres em opções culturais, e não físicas e psicológicas”.
“Há muitos anos, creio que em ‘O Túnel’, afirmei que sempre haverá um homem que, embora sua casa desmorone, estará preocupado com o universo. E haverá também sempre uma mulher que, embora o universo desmorone, estará preocupada com sua casa.”
A respeito da revolução feminista, nos anos 1960 e 70, uma realidade vitoriosa, ele me disse: “Caro, em todos os campos, tanto no da política quanto no dos costumes, em tudo que for humano, as revoluções começam com maiúsculas, perduram com minúsculas e acabam entre aspas”. “O inocente e simples fato de mostrar diferenças entre os dois sexos, põe muitas pessoas em guarda e você as ouve resmungar palavras como reacionário, bárbaro… Veja que o dito ‘progressismo’ consiste hoje em manter como vivas ideias definitivamente envelhecidas, tal como a igualdade entre os sexos, que absolutamente são diferentes.”
Em seguida, explanou seu pensar em relação aos arquétipos, ao inconsciente coletivo, que agiriam mais ou menos da mesma forma como as atitudes inatas, chamadas instintos, que animais e homens parecem possuir. “Estabelecer as diferenças entre homem e mulher não implica ignorar a bissexualidade de todos os seres humanos, aquilo que é atávico e, portanto, profundo, o amálgama de atributos masculinos e femininos que existem em cada um de nós. Pelo contrário, para falar em bissexualidade temos primeiramente que falar em masculino e feminino, estabelecendo os caracteres arquetípicos do homem e da mulher, objetos que só existem em estado de pureza no universo platônico, mas que, de alguma forma regem as características dos homens e mulheres reais.”
A conversa caminhou para o lado do Banquete platônico, para um Zeus que separou o andrógeno primitivo, um gigante possuidor de duas faces, quatro braços e quatro pernas, e ao cortá-lo ao meio, em duas partes de igual dimensão e importância, obteve um andrós — o masculino, e um guyné — feminino. “Aquele que era uno foi transformado em um duplo, criando metades complementares, tanto no ‘somma’ quanto no ‘noos’, no corpo e na mente, surgindo o homem e a mulher.”
“Mas já viajamos em demasia; voltemos aos arquétipos. O masculino, esse persegue as ideias puras e abstratas, entes misteriosos que não pertencem ao mundo dos vivos. Enquanto o feminino demonstra não apenas uma incapacidade para a abstração, mas também indiferença e até repugnância.”
“Talvez seja por isso que as mulheres se destacaram nas artes, nas letras, mas muito poucas na filosofia.”
“O arquétipo feminino volta-se para a maternidade e por isso demonstra um interesse tão vivo em relação a tudo o que a cerca, desde que possa ver sentir, tocar. Sua avidez de conhecimento se dirige às coisas em si e não às suas causas remotas. Por considerar o universo com olhos e alma de mãe, os homens para elas não constituem objeto do conhecimento, mas seres capazes de sofrer e gozar, e ela busca ligar-se a eles pelo amor.”

“Já o espírito do homem não é retilíneo, mas dialético e paradoxal. O homem costuma partir de premissas lógicas e realistas para chegar a verdadeiras loucuras, às fantasias, a seus Moinhos de Vento, tais como Parmênides, Colombo, Cervantes e Napo­leão. Ao inverso, a mulher é ilógica e irrealista, insensata, mas adere às suas pequenas insensatezes com fúria realista e conservadora. O homem vai da realidade à sem-razão centrifugamente; a mulher, da sem-razão à realidade, centripetamente.”
“Se o instinto feminino é ilógico, ele, entretanto, não falha nos problemas da vida concreta, pois que estes jamais são lógicos. O homem fracassa comicamente querendo aplicar a lógica à vida, não havendo indivíduo mais grotesco na vida cotidiana que o filósofo ou o cientista.”
“Enquanto a mulher confia no irracional, no mágico, dificilmente ela perde a fé. O mundo jamais pode revelar-se mais absurdo do que ela o intuiu pela primeira vez. Já racionalizar o universo e Deus é empresa tipicamente masculina, loucura própria de homens.”
“A mulher foi a inventora de quase todas as artes úteis, desde as primeiras ideias sobre a agricultura e a pecuária, a domesticação de animais, a descoberta das tintas, a cerâmica, a conserva de alimentos, os teares e seus tecidos. Enfim, a indústria é essencialmente feminina en­quanto se mantém em escala doméstica. Quando, graças ao impulso capitalista, a indústria transforma-se em uma empresa gigante e abstrata, então, dela o homem se apossa.”
“O comércio, que é baseado no intercâmbio e no movimento, conduz e produz à abstração do valor e, desde sempre conduziu à masculinização do mundo.” O mesmo, aliás, pode-se dizer do capitalismo puro, sem adjetivos, que é o capital financeiro.
“Diz Jung que o amor — ou ódio às coisas — é prerrogativa do arquétipo masculino enquanto o traço feminino se traduz pelo amor — ou ódio às pessoas. Mas a mulher ama os seres que a rodeiam, assim como também as coisas que as rodeiam, como roupas, joias, etc.. Por isso em suas viagens elas desejam transportar consigo ‘todo o seu mundo’. Já o amor masculino é abstrato, julgando-se, muitas vezes, capaz de amar e morrer por toda a humanidade, desde que não seja tocado pelo mais próximo.”
Jung também nos diz que levamos em nosso inconsciente, mais ou menos reprimido, o sexo contrário. “Se essa teoria é certa, as criações vinculadas à inconsciência, como a poesia e a arte seriam, no homem, expressão de feminilidade. O artista seria assim uma combinação da consciência e razão do homem com a inconsciência e a intuição da mulher. E se nessa combinação predomina a inconsciência, a arte é romântica. Caso a consciência predomine, clássica.”
“Podemos até mesmo dizer que no homem o sexo é um apêndice, estando logicamente para fora, para o mundo. Na mulher, o sexo está para dentro, para o mistério primordial. No homem o sêmen é ejaculado, sai para o universo; na mulher, entra, penetra. A projeção masculina significa separação, cisão, desvinculação do homem em relação à sua semente. Na mulher, ao contrário, implica fusão, união.”
“Apesar de a mulher ser essencialmente erótica, para ela a relação sexual tem menos importância que a anímica. Enquanto o homem tende a confundir Eros com sexualidade e julga possuir a mulher quando se une sexualmente a ela, em nenhum momento ele a possui verdadeiramente, pois para ela só importa de fato a possessão anímica, a sentimental. Para o arquétipo feminino, Eros constitui uma relação entre almas, sendo o princípio supremo da mulher.”
“Na prostituição pode-se chegar ao sexo no seu estado puro, e, consequentemente, ao último estágio da coisificação, da desesperação. Per­ceba meu caro, que, mesmo enfeitados, sonoros, asseados, até os melhores prostíbulos são sempre tristes.”

“Podemos também relacionar o masculino com o diurno e o feminino com o noturno. É claro que os dois princípios coexistem em cada ser humano, mas seriam masculinos o dia, a ordem, a consciência e a razão, a lógica e a definição, os ouvidos e os olhos, a origem do clássico e do essencial. Por isso mesmo o masculino é meio esquizoide ao não se contentar, em geral, com essa realidade e passar a construir outras para si.”
“Finalmente, posso lhe afirmar que a mulher, comumente, não necessita mais do que tem dentro de si: leva o mundo e a humanidade inteira em seu próprio seio. Femininos são a noite e o caos, a inconsciência, o corpo, a brandura, a vida e o mistério, o gosto e o tato, a origem do barroco e do romântico, do existencial.”
“E quanto as virtudes da mulher elas o são pelo altruísmo pela espécie, sua capacidade de sacrifício pessoal pelos filhos e pelos homens sob seus cuidados. Mas não nos esqueçamos que tudo possui um contraponto: devido ao fato de seu mundo ser concreto e pequeno, ele situa-se a um passo das mesquinharias e dos ciúmes viscerais.”Carlos Russo Jr. ( escritor), in Jornal OpçãoCultural,Edição 2024 de 20 a 26 de Abril de 2014, Brasil

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Do Amor II

De amor nada mais me resta que um Outubro

De amor nada mais me resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto;
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

Natália Correia, in «Poesia Completa», D. Quixote, Lisboa, 1999

Ternura

Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?


E o ventre, inconscientemente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...


É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio


Vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!


David Mourão-Ferreira, in «Obra Poética - 1948-1988», introd. de Eduardo Prado Coelho, Presença; Lisboa, 1996
Abrigo

Abrigo-me de ti
de mim não sei
há dias em que fujo
e que me evado


há horas em que a raiva
não sequei
nem a inveja rasguei
ou a desfaço


Há dias em que nego
e outros onde nasço


há dias só de fogo
e outros tão rasgados


Aqueles onde habito com tantos
dias vagos.

Maria Teresa Horta, in «MINHA SENHORA DE MIM», Editorial Futura, Lisboa 1974

o suporte da música

o suporte da música pode ser a relação
entre um homem e uma mulher , a pauta
dos seus gestos tocando-se, ou dos seus
olhares encontrando-se, ou das suas

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas
ou dos seus obscuros sinais de entendimento,
crescendo como trepadeiras entre eles.
o suporte da música pode ser uma apetência

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se 
ramifica entre os timbres, os perfumes,
mas é também um ritmo interior , uma parcela
do cosmos , e eles sabem-no, perpassando

por uns frágeis momentos, concentrado
num ponto minúsculo, intensamente luminoso,
que a música, desvendando-se, desdobra,
entre conhecimento e cúmplice harmonia.
Vasco Graça Moura, in " Poemas com Pessoas - Poesia reunida", vol. 2,  Ed. Quetzal


Poema

Como se o teu amor tivesse outro nome no teu nome,
chamo por ti; e o som do que digo é o amor
que ao teu corpo substitui a doçura de um pronome
- tu, a sílaba única de uma eclosão de flor.


Diz-me, então, por que vens ter comigo
no puro despertar da minha solidão?
E que mumúrio lento de uma cantiga de amigo
nos repete o amor numa insistência de refrão?


É como se nada tivesse para te dizer
quando tu és tudo o que me habita os lábios:
linguagem breve de gestos sábios
que os teus olhos me dão para beber.


Nuno Júdice, in «Poesia Reunida 1967-2000»,  com Prefácio de Teresa Almeida, Publicações D. Quixote, 1ª Ed. Outubro de 2000


Canto Grande

Não tenho mais canções de amor.
Joguei tudo pela janela.
Em companhia da linguagem
fiquei, e o mundo se elucida.

Do mar guardei a melhor onda
que é menos móvel que o amor.
E da vida, guardei a dor
de todos os que estão sofrendo.

Sou um homem que perdeu tudo
mas criou a realidade,
fogueira de imagens, depósito
de coisas que jamais explodem.

De tudo quero o essencial:
o aqueduto de uma cidade,
rodovia do litoral,
o refluxo de uma palavra.

Longe dos céus, mesmo dos próximos,
e perto dos confins da terra,
aqui estou. Minha canção
enfrenta o inverno, é de concreto.

Meu coração está batendo
sua canção de amor maior.
Bate por toda a humanidade,
em verdade não estou só.

Posso agora comunicar-me
e sei que o mundo é muito grande.
Pela mão, levam-me as palavras
a geografias absolutas.
Lêdo Ivo, in " Poesia completa, 1940-2004", Ed.Topbooks

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Um pungente adeus a Moçambique


As Memórias de Eugénio Lisboa  são uma galeria viva  de acontecimentos e de retratos de gente diversa do mundo cultural e literário que acompanha e povoa as diversas etapas da vida do escritor. A prosa deste intelectual é tão despida dos pomposos artefactos característicos de alguns académicos que nos toma de assalto pela clareza e vivacidade com que se organiza. As cenas vivenciadas, que a excepcional memória de Eugénio Lisboa reconstitui, são registadas através do  manejo virtuoso, (que lhe é peculiar), de um português graciosamente puro, correcto e belo. Somos tocados pela prodigiosa leveza e magia dessa escrita transparente. Acompanhá-lo é um imenso e infindável prazer. Um escritor de culto para mim, um excepcional homem de letras para a Literatura Universal. Cada livro que publica é uma obra de puro assombro e de aprendizagem. Num tempo em que proliferam escrevinhadores sem fôlego, autores de futilidades vastamente publicitadas neste país tão minorado, o lançamento de um novo volume das Memórias deste grande escritor, poeta, ensaísta, crítico literário , professor universitário é um acontecimento de intensa frescura a ser estrondosamente celebrado. A editora que o publica divulgou,  no respectivo site, o seguinte comunicado:

"A Opera Omnia e o Centro Nacional de Cultura promovem a apresentação do livro Acta est fabula – Memórias - IV - Peregrinação: Joanesburgo. Paris. Estocolmo. Londres (1976 -1995), da autoria de Eugénio Lisboa, uma edição da Opera Omnia.
A apresentação acontecerá na Galeria Fernando Pessoa, no Largo do Picadeiro, 10 - 1º, em Lisboa, no dia 30 de Outubro, às 18,30h, e estará a cargo da Prof. Otília Pires Martins."

Em Outubro de 2013, Eugénio Lisboa publicou o III volume das suas Memórias,"Acta est fabula,Memória-III-Lourenço Marques revisited (1955-1976)". Tendo previsto  um conjunto de cinco tomos, estarão três volumes editados com a apresentação deste quarto volume .
E porque recordar o que escreveu me é sempre um motivo de puro deleite e tendo em conta a publicação do novo tomo, transcrevo, com audaz orgulho, alguns excertos das últimas páginas do III volume. Páginas pungentes de um adeus forçado e muito  dolorido a uma das pátrias amadas, Moçambique, quando a recém independência da antiga colónia portuguesa vivia momentos de tenebrosa cegueira. 
A Eugénio Lisboa ficarei sempre grata pelo registo singular e valioso que nos oferta, possibilitando acompanhar a sua saga pessoal que se mistura  e destaca na história mundial do século XX. Lê-lo é descobrir o mundo que só os grandes prosadores são capazes de retratar.
"A situação , por outro lado, tornou a nossa permanência insustentável ( e este é o segundo exemplo de desgaste que eu queria dar), desde que fui obrigado a ficar só Português, pela pior e mais bárbara das maneiras.  Julgo que este foi um dos mais gigantescos erros  e uma das mais estúpidas e cruéis decisões, de quantas tomou a Frelimo, naquele período de desorientação  e  mau  aconselhamento. Falando  pejorativa e  demagogicamente, nos " comerciantes  de nacionalidades", Samora Machel produziu uma lei  das nacionalidades, pela qual, a pessoas como eu, a minha mãe, o meu irmão ou as minhas filhas , nascidos em Moçambique , não era dado nem o direito da dupla nacionalidade ( o mais razoável e humano) , nem o da simples " opção", que já era mais duro, mas ainda aceitável: ficámos , automaticamente, moçambicanos, só podendo continuar a ser portugueses rejeitando deliberadamente, a nacionalidade moçambicana. Ora isto era uma autêntica brutalidade - inútil e prejudicial, para todas as partes envolvidas.(...) A Frelimo cometeu  - admito que sem intenção de errar - muitos e graves erros, mas nenhum da dimensão descomunal desta desumana lei das nacionalidades. Poucos momentos tão dilacerantes terei vivido, como aquele em que , com as minhas filhas e mãe, tive que entregar um papel, dizendo que não queria ser moçambicano.
Além do mais, esta estúpida lei das nacionalidades, no seu fundamentalismo primário e demagógico, ignorava uma realidade: para muitos europeus nascidos em África, como eu, o nosso universo cultural ( e este engloba afectos) era mesmo duplo: éramos profundamente europeus e profundamente africanos. Mais precisamente: éramos portugueses e moçambicanos. Nenhuma destas vivências profundas podia ser erradicada por decreto. Dessem-me ou não me dessem passaporte, era português. O que eu era , em profundidade, era o que eu sentia e não o que qualquer burocrata vestido de político efémero ( e iletrado) decidisse que eu era. E ainda hoje penso e sinto assim. Quem decide a minha nacionalidade autêntica sou eu e mais ninguém. E venho de uma ilustre linha de representantes de uma cultura dupla, magnificamente exemplificada por gente como Henry James, T.S. Elliot, Joseph Conrad ou, se quiserem - e sem precisar esticar muito a corda  - Ivan Turguenev...(...)
A partir daquele momento, deixou, para mim , de haver dúvidas: ir-nos-íamos embora. Não era, nem de longe, a única razão, mas era, talvez, a principal e a mais profunda. Havia, é claro, outras: naquele universo de partido único, cheio de certezas e de slogans, onde não havia lugar para a dúvida e onde , diariamente, se troçava da ciência e da tecnologia, em favor da " sabedoria do povo", eu não augurava um futuro brilhante para o país. E não queria as minhas filhas a viverem - num país de " pensamento único" e onde começava a ser perigoso " divergir".(...)
Eu olhava para aquele mundo a esfarelar-se, física e moralmente, e sentia-me, cada vez mais, a pertencer, cada vez menos, àquilo tudo.(...)
Conto apenas um punhado de histórias representativas da epopeia de desastres e desmoronamentos que avassalava o país e atingia, com particular crueldade, a comunidade portuguesa. Houve pessoas que , subitamente desapossadas de tudo e sem qualquer viabilidade de futuro, enlouqueceram. Viam-se alguns, descalços, pelas ruas, monologando, obsessivamente, ao desbarato.
Ia-me , portanto, embora. Ia mesmo, estava decidido. Comuniquei-o, um mês antes de partir, enviando uma circular a todo o pessoal e à Direcção-geral que tutelava a energia. Para que não dissessem que me escapulia pela calada. E começou a dolorosa e demorada tarefa de empacotar as nossas coisas, sem sabermos o que nos autorizavam a levar.(...)
Um mês antes da nossa partida, fomos levar as filhas, numa viagem tormentosa, de carro, a casa dos nossos amigos Coombs ( o Peter era um colega da "Total", em Johannesburg: inteligente, tecnicamente muito competente e de uma extrema generosidade). De modo, que ficáramos sós, em Lourenço Marques, até à nossa própria partida. A vida tornara-se, cada vez mais complicada: de nada servia ter dinheiro, os géneros faltavam em todo o lado, só podendo ser adquiridos em lojas especiais, que só aceitavam o pagamento em Rands ( o escudo moçambicano não servia para nada). Tudo era, kafkianamente, complicado, incluindo a obtenção de documentação que tornasse legal a nossa partida: ao lado daquilo, Kafka não passava de um aprendiz de infernos burocráticos. As pessoas faziam filas e levavam refeições consigo, passando a noite, sendo necessário, na fila, para não perder a sua vez. Todos os bêbedos pelo poder gostam de inventar infernos com que torturar os outros, assim satisfazendo os seus instintos sádicos, uma vez por todas. Da merda que é uma burocracia  colossal e assassina, muito tem sido dito por gente eminente e esclarecida, que a viveu e sofreu. Balzac, por exemplo, afirmava que " a burocracia é um mecanismo gigantesco operado por pigmeus." Faltou-lhe dizer: pigmeus estúpidos e mesquinhos. Mas muito antes do criador da Comédie Humaine , já o lúcido Petrónio, imortalizado  por Sienkiewicz, no seu romance Quo Vadis?, observara, com rara perspicácia : " Eu iria aprender mais tarde, na vida, que temos tendência a resolver uma situação, reorganizando ...e que método maravilhoso esse pode ser, para criar a ilusão de progresso, ao mesmo tempo que se produz ineficiência e desmoralização." E note-se que consta ter sido Petrónio um governador eficaz e justo, que serviu a máquina eficiente e bem oleada do império romano. Seja como for, com tanto que fazer, nas três empresas, não podia dar-me ao luxo de ir para as inúmeras filas necessárias ao " processo" e pedi ao meu motorista que o fizesse por mim. Desempenhou impecavelmente o seu papel.(...)
Os últimos três dias, a "limpar" secretárias, a despachar coisas várias , a despedir-me de pessoas amigas e de colegas  ( na Sonap, deram-me simpático almoço de despedida) - foram um pesadelo. Quase não dormi. Entretanto, apareciam lá por casa uns oportunistas do bairro, impecavelmente fardados à Mao Tse Tung, para se darem ares, a quererem visitar a casa, por saberem que nos íamos embora... A Antonieta, indignada, corria com eles, dizendo que a chave seria entregue a quem de direito.
Quando, finalmente, fechámos a casa , na rua do Miradouro, e entramos no quarto do " Hotel Polana", para passarmos uma noite, sentia-me exausto, à beira do colapso físico e mental. Jantámos com o Adrião e a Quina que, simpaticamente, nos convidaram , regressámos ao hotel e caí na cama como uma pedra.
Moçambique , Lourenço Marques, aguarela de Vanessa Hands de Azevedo
No outro dia, partimos para a estação, na Praça Mac Mahon, depois do almoço, no carro da Maria de Lourdes e do António Pitta. A " Generala" (uma gata)* ia connosco, carregada de calmantes. Deixaram-nos à porta da Estação, para não se comoverem. Nós estávamos para além de qualquer comoção: completamente aniquilados. Na estação, ao pé do comboio, estavam os meus pais, a tia Maria, o Ilídio, o Vasco e a Leonette, o meu empregado Francisco Bomba, que me veio abraçar soluçando. Creio que estava mais gente, mas não consigo recordar-me: estava em estado de grande nebulosidade. Abracei o meu Pai, a quem estava a ver, lúcido, pela última vez, embora, nessa altura, o não soubesse. Entrámos  no comboio, ansiosos pela partida, para pôr fim àquele fim de uma grande e boa aventura. O combóio pôs-se  a andar, lentamente , e nós olhávamos  para trás , tentando ver, uma vez mais, os personagens  daquele nosso mundo, que tinha acabado ali. Estávamos a sair dele para sempre. Toda a saída é uma entrada algures, diz um personagem de Tom Stoppard. Então, se estávamos a sair, é porque íamos entrar. Em que outra aventura? Em que outro mundo?"
Eugénio Lisboa, in " Acta est Fabula, Memórias -III- Lourenço Marques Revisited (1955-1976)", Ed. Opera Omnia, Outubro de 2013
*nota introduzida pelo editor de Livres Pensantes

domingo, 26 de outubro de 2014

Ao Domingo Há Música

No Túmulo de um astrónomo

Amei demasiado as estrelas
do céu nu que percorri a dedo, 
para que a noite, onde brilham , belas,
em mim seja surto de algum medo.
Eugénio Lisboa, in" Os Argonautos - O Ilimitável Oceano" , Quasi Edições, Março 2001

Descobrimo-nos diferentemente quando a música nos toca. O efeito catártico e quase balsâmico que tem sobre nós é como se , de repente, estivéssemos junto àquele  paraíso que todos  e cada um de nós procura. 
Compor uma melodia, adorná-la com uma magnífica voz e preencher todos espaços com um orquestrado coro é um singular assombro  que Johannes Brahms nos pode provocar ou permitir. E tudo isso está excelentemente harmonizado no Requiem n° 5 (Johannes Brahms, 1833-1897), através da  extraordinária  interpretação de Jessye Norman, acompanhada pelo London Philharmonic Choir, BBC Symphony Chorus, regido por Richard Cooke e pela London Philharmonic Orchestra sob a direcção do Maestro Klaus Tennstedt, em 1985. 

sábado, 25 de outubro de 2014

BAIXA E ALTA DE LISBOA

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BAIXA E ALTA DE LISBOA
Descrição
Pontos de Interesse:


Amoreiras
"Antigo bairro à saída de Lisboa, onde no século XVIII o Marquês de Pombal instalou os principais núcleos industriais da cidade (fábrica de sedas e fábrica dos pentes), apresenta também novas arquitecturas. Destaca-se o complexo das Amoreiras (habitações, escritórios, cinemas e centro comercial), exuberante edifício post modernista que constitui uma das principais imagens de referência da cidade dos nossos dias.


Bairro de Alfama
Um dos mais antigos e típicos bairros de Lisboa, cujo nome de origem árabe quer dizer "fonte", foi desde a antiguidade um local conhecido pela beleza e amenidade da paisagem. Entre o Castelo e o Rio, apresenta um ambiente urbano e social muito próprio, onde se misturam mercados de rua, casas populares e palácios aristocratas dos séculos XVII e XVIII.

Baixa Pombalina
Parte baixa da cidade, entre as colinas do Castelo e o Chiado é um conjunto urbanístico reconstruído depois do terramoto de 1755 por iniciativa do Marquês de Pombal. Apresenta fachadas uniformes e um traçado rectilíneo com ruas direitas e perpendiculares. Aqui se localizam as sedes dos principais bancos e actividades comerciais. O Terreiro do Paço, grande paço senhorial, é o conjunto mais importante.

Castelo de S. Jorge
Situado na colina mais alta da cidade, é o local onde nasceu Lisboa. Aqui residiam os reis e as cortes durante a Idade Média. Apresenta um conjunto notável de muralhas e torres medievais e abriga a estátua de D. Afonso Henriques. Daqui pode-se ver toda a cidade.

Edifício Casa dos Bicos
Construída em 1523 por Brás de Albuquerque, filho do Vice-Rei da Índia, Afonso de Albuquerque, é uma construção manuelina com elementos renascentistas. A fachada com pedras limadas em forma de ponta de diamante deu origem ao nome pelo qual é conhecida. Actualmente é a sede da Fundação José Saramago.

Miradouro de Sta. Luzia
Virado sobre Alfama, é um dos miradouros mais bonitos e mais antigos de Lisboa, construído sobre a antiga cerca moura, donde se pode desfrutar uma vista panorâmica sobre a cidade ribeirinha. No terreiro abre-se a Igreja de Sta Luzia.

Praça de Espanha
No sítio de Palhavã é o espaço de transição entre a cidade antiga (até ao final do século XIX) e a cidade contemporânea e um dos principais locais de entrada em Lisboa. Junto dela se situam alguns dos principais exemplos do património arquitectónico e bens culturais, com destaque para o Palácio de Palhavã (edifício do século XVIII, onde se localiza hoje a Embaixada de Espanha) e a Fundação Calouste Gulbenkian (edifício moderno no interior de um aprazível parque que abriga o Museu Gulbenkian e o Centro de Arte Moderna).

Rotunda do Marquês de Pombal
Grande rotunda no eixo da cidade do século XIX, daqui se junta com as principais avenidas da época e com o grande parque - Parque Eduardo VII. No centro ergue-se a estátua do Marquês de Pombal, construída na primeira metade do século XX, em homenagem ao estadista que mandou reconstruir a cidade depois do terramoto de 1755. O conjunto urbanístico que se desenvolve para norte desta rotunda foi construído no final do século XIX, tomando o nome de Avenidas Novas. Aqui existem ainda alguns palacetes e edifícios arte nova e modernista."CNC, e-cultura

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Tudo era imprevisto

"Nenhuma hipocrisia vinha alterar  a candura desta alma gémea ,perturbada por uma paixão que nunca havia experimentado. Enganava-se, mas sem o saber, e contudo o seu instinto de virtude alvoraçava-se.Tais eram os combates que a agitavam quando Julien apareceu no jardim. Ouviu-o falar e quase no mesmo instante viu-o sentar-ser ao lado. A sua alma ficou como enlevada por essa felicidade encantadora que nos últimos quinze dias a deixava mais surpreendida que seduzida. Tudo era imprevisto para ela. " Contudo", disse para consigo, bastam alguns instantes da presença de Julien para fazer esquecer todas as suas culpas?" Sentiu-se aterrada; e fora então que retirara a mão.
Os beijos cheios de paixão, e tais como ela nunca havia recebido, fizeram-na esquecer imediatamente que ele talvez amasse outra mulher. Não tardou que o rapaz deixasse de ser culpado a seus olhos. A cessação da dor pungente, filha da suspeita, a presença de uma felicidade que ela jamais sonhara, provocaram-lhe transportes de amor e de louca alegria. Esse serão foi encantador para toda a gente menos para o presidente de Verrières, que não conseguia esquecer os seus industriais enriquecidos. Julien deixara de pensar na sua torva ambição e nos seus projectos tão difíceis de executar. Pela primeira vez na sua vida, sentia-se arrebatado pelo poder da beleza. Perdido num sonho vago e doce, tão estranho ao seu carácter, apertando docemente essa mão de uma beleza perfeita que lhe agradava , ouvia vagamente o movimento das folhas da tília agitadas por esse ligeiro vento da noite e os cães do moinho de Doubs que ladravam ao longe.
Mas essa emoção era um prazer e não uma paixão. Ao regressar ao seu quarto só pensava numa felicidade ,  a de retomar o seu livro favorito; aos vinte anos a ideia do mundo e do efeito que aí se irá produzir prevalece sobre tudo o mais.
Não tardou , porém, a pousar o livro.(...)
A senhora de Rênal não conseguiu pregar olho. Tinha a impressão de que não tinha vivido até esse instante. Não conseguia afastar o pensamento da felicidade de sentir Julien cobrir-lhe a mão de beijos inflamados .
(...) A senhora de Rênal não tinha nenhuma experiência da vida; mesmo plenamente acordada e no exercício de todas as sua faculdades mentais, não teria sido capaz de descobrir qualquer intervalo entre ser culpada aos olhos de deus e ser acabrunhada em público pelas marcas mais retumbantes do desprezo geral.
Quando a terrível ideia do adultério e de toda a ignomínia que, na sua opinião, esse crime acarreta, lhe deixava algum repouso e ela conseguia pensar na doçura de viver inocentemente com Julien, como até aí, logo se encontrava lançada na ideia horrível de que Julien  amava outra mulher." Stendhal, in " O vermelho e o negro", Editora Civilização

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

No choro do mar


Praia da Rocha, Algarve-Portugal

Sarça Ardente
(...)
          3
Lá por perdidas praias, onde o vento
Com as ondas trava intermináveis bulhas,
E se esponja na areia, e o seu tormento
Das areias faz látegos de agulhas,
Fui, quando do negror do firmamento
Os astros cospem lívidas fagulhas,
Fui, ao longo rolar do mar chorando
Sei lá que antigo caso miserando...

(...)
       12
Na voz do mar só me ouço a mim, que choro;
Nos lamentos do vento, a mim me escuto;
Sei ver o luto e a dor ..., mas que deploro
Na alheia dor, senão meu próprio luto?
Se mais me sondo e acuso, mais me adoro
Por esse heroísmo pérfido e corrupto;
E até nas fontes dum meu ser mais belo
Finco a pata bestial, teimo em não sê-lo...

(...)
José Régio, " Sarça Ardente - As encruzilhadas de Deus",1936, Obras completas, Poesia, Portugália Editora
Sagres (Costa Vicentina), Algarve - Portugal

Regresso

E contudo perdendo-te encontraste.
E nem deuses nem monstros nem tiranos
te puderam deter. A mim os oceanos.
E foste. E aproximaste.

Antes de ti o mar era mistério.
Tu mostraste que o mar era só mar.
Maior do que qualquer império
foi a aventura de partir e de chegar.

Mas já no mar quem fomos é estrangeiro
e já em Portugal estrangeiros somos.
Se em cada um de nós há ainda um marinheiro
vamos achar em Portugal quem nunca fomos.

De Calicute até Lisboa sobre o sal
e o Tempo. Porque é tempo de voltar
e de voltando achar em Portugal
esse país que se perdeu de mar em mar.
Manuel Alegre, in  "O Canto e as Armas - País de Abril, uma antologia", Publicações D.Quixote, 2014


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Notícias da Cultura e da Ciência


Itália: Colóquio sobre dinâmicas interculturais entre os países de língua portuguesa


Um colóquio intitulado “Jogos de Espelhos” realiza-se em Pisa, Itália, entre os dias 29 e 31 de Outubro de 2014, reunindo mais de 75 oradores, entre investigadores e docentes italianos, portugueses e brasileiros, que irão analisar os “Modelos, tradições, contaminações e dinâmicas interculturais nos/entre os Países de Língua Portuguesa”.
O evento, que é uma iniciativa da Associação Italiana de Estudos Portugueses e Brasileiros, apoiada pelo Camões, IP, decorrerá no Departamento de Filologia, Literatura e Linguística da Universidade de Pisa.
O objectivo é proporcionar estudos sobre a circulação de homens, ideias, livros, métodos, e modelos dentro das fronteiras dos países de língua portuguesa espalhados pelos cinco continentes, bem como entre esses países e o resto do mundo.
Os participantes tentarão traçar, em grandes linhas, alguns mapas de peregrinações literárias e linguísticas e os frutos dessas peregrinações, no espaço e no tempo.
Uma secção será dedicada às investigações em curso, principalmente pensada para os estudantes de mestrado, doutoramento ou pós-doutoramento.
As influências alógenas na(s) literatura(s)/língua(s)/cultura(s) de língua portuguesa, recíprocas influências na(s) literatura(s)/cultura(s) de língua portuguesa, dinâmicas e políticas linguísticas em comparação - a realidade policêntrica do português, linguística histórica, sincrónica e tradução são alguns dos temas a abordar.
Paralelamente ao Colóquio haverá projecção de reportagens e filmes inéditos em Itália, Encontros com os escritores David Machado (Portugal) e Flavia Simonelli (Brasil) e uma exposição fotográfica de Fausto Giaccone sobre o Alentejo.
Em homenagem aos quarenta anos da Revolução dos Cravos, o programa cultural inclui ainda o espectáculo da cantora italiana de fado Isabella Mangani, baseado na obra de Antonio Tabucchi "Afirma Pereira", denominado "Venti garofani rossi". Instituto Camões
Programa

Para muitas mulheres os filhos são a causa da pobreza

Porquê eu? Muitas mulheres que vivem na pobreza culpam os filhos e a vida amorosa
Para muitas mulheres os filhos são a causa da pobreza
"Ter tido filhos - especialmente cedo na vida - e um relacionamento romântico disfuncional são os dois motivos mais citados quando as mães com poucos rendimentos são questionadas sobre por que se encontram em situação de pobreza. É o que dizem os pesquisadores americanos Kristin Mickelson da Faculdade de Ciências Comportamentais e Sociais e da Universidade Estadual do Arizona, e Emily Hazlett, da Kent State University e da Universidade de Medicina de Ohio Nordeste, num novo artigo publicado na revista Sex Roles da Springer.
Os pesquisadores acreditam que a forma como uma mulher responde à pergunta de "porquê eu?" quando pensa no próprio estado de miséria influencia a sua saúde mental. Tais respostas podem também fornecer pistas sobre se a mulher acredita que nunca vai deixar de ser pobre
E há mulheres para quem a pobreza se deve a más relações amorosas

E há mulheres para quem a pobreza se deve a más relações amorosas
A pesquisa feita por Mickelson e Hazlett faz parte do estudo maior "Mother's Outcome Matters" do Ohio Nordeste .
Analisaram um conjunto de perguntas feitas a uma amostra da comunidade de 66 mães de baixos rendimentos.
Os investigadores descobriram que as mulheres que atribuíram a sua pobreza a terem tido filhos tendem a sofrer maiores níveis de depressão, possivelmente porque sentem algum sentimento de culpa, censura ou desamparo.
As que atribuíram a pobreza a problemas nas relações afectivas sentiam mais ansiedade.
Isso pode reflectir o sentimento de medo ou falta de controle relativamente a questões como violência doméstica, maus hábitos de consumo dos seus parceiros ou porque não recebem pensão de alimentos.
As que "descarregaram" no governo ou culpavam práticas discriminatórias como remuneração desigual para as mulheres sofriam depressão e ansiedade.
Apenas algumas culpavam o destino pela sua situação.
A maioria das mulheres percebia que o seu estatuto social era significativamente menor do que quando elas próprias eram crianças.
Revelavam-se no entanto, bastante optimistas de que seriam capazes de desfrutar uma vida de classe média num futuro não muito distante.
Isto era especialmente verdade para as que culparam a sua pobreza a terem sido mães ou ao estado das suas relações amorosas.
Acreditam que podem sair da pobreza quando as razões que a motivaram forem removidos, por exemplo, quando os filhos sairem de casa ou quando forem capazes de escapar a uma má relação.
Mickelson e Hazlett sugerem que as mulheres que culpam a maternidade ou relações afectivas pelo seu estado de pobreza serão as que mais se beneficiarão dos programas actuais de saúde mental destinados a vítimas de violência doméstica e problemas cuidados com as crianças.
"Ao compreendermos como elas respondem à pergunta sobre quem ou o quê é culpado pela sua situação financeira actual podemos começar a desenvolver intervenções e políticas mais eficazes", diz Mickelson.
"Estamos em melhor situação para entender se essas mulheres tendem a sofrer de depressão ou ansiedade e o que pensam sobre as hipóteses de serem capaz de superar situações e actual estatuto social", acrescenta Hazlett." in CiênciaHoje


Universidade Nova: Curso Breve “A Lei de Asilo e a Lei de Estrangeiros após primeira revisão” A Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (FD -UNL) promove um Curso Breve na área do Direito da Imigração e do Asilo, com o tema “A Lei de Asilo e a Lei de Estrangeiros após primeira revisão”, de 3 a 7 de novembro de 2014, no Campus de Campolide da UNL.O curso é aberto ao público em geral, interessando particularmente a profissionais das áreas do Direito do Asilo e da Imigração, advogados, juízes, funcionários do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, de ONG e associações de imigrantes. Os interessados devem inscrever-se em www.fd.unl.pt até 31 de outubro de 2014. Contacto: Inês Braga, emailines.braga@fd.unl.pt ; telefone: 213 847 466
Aves marinhas alimentam-se perto de um "oásis" oceânico no Peru (créditos IRD/ Yann Tremblay)
O papel dos "oásis" oceânicos nas interacções entre organismos marinhos
"Um estudo internacional coordenado por pesquisadores do Institut de Recherche pour le développement (França), o Instituto da Marinha do Peru (IMARPE), Telecom da Bretanha e CNRS, permitiem compreender o papel importante da dinâmica dos oceanos na estruturação do ecossistema marinho. A turbulência oceânica cria "oásis" que concentram a maioria dos organismos marinhos, do zooplâncton. às aves. Identificar este processo acabará por melhorar as medidas de gestão especializada dos recursos marinhos. Estes resultados foram publicados ontem na revista Nature Communications.
Corrente de Humboldt ou do Peru
Corrente de Humboldt ou do Peru
A água do mar está em constante movimento. A turbulência oceânica cria efêmeros "oásis",por vezes semelhantes a pequenos redemoinhos. Identificar onde e quando oásis apareciam constituía um desafio para os cientistas, que dispõem de poucas observações em alta resolução, aquém, dos mecanismos oceânicos de grande escala (dezenas de quilómetros, bem identificados) ou de pequena escala (de algumas centenas de metros a vários quilómetros, em grande parte desconhecidos) desempenha o papel mais importante? Como se adaptam os predadores a essa paisagem que muda?
O forte impacto da turbulência oceânica nos ecossistemas marinhos

Para entender melhor a formação desses oásis, os pesquisadores recolheram ao largo do Peru (na zona da corrente de Humboldt) dados de sonda acústicos que tornam possível, a cada segundo, informação sobre a turbulência oceânica e biomassas de plâncton e peixes. Estes dados foram complementados com seguimento por GPS das principais aves marinhas do Peru.
Os pesquisadores mostraram que a dinâmica oceânica de pequena escala desempenha o papel principal na estruturação do ecossistema marinho, do plâncton às aves. De fato, a turbulência cria "oásis" como pequenos redemoinhos ou ondas, que concentram plâncton. Peixes, pássaros e outros predadores móveis adaptam a sua distribuição ao das suas presas nesta paisagem dinâmica.
Em direcção a uma gestão de espaço dos recursos marinhos?
O melhor conhecimento e quantificação desses processos de pequena escala é um passo importante na compreensão dos mecanismos para a transferência de energia ao longo da cadeia alimentar. Os pesquisadores concentram-se agora em cartografar os "hotspots" (áreas onde estes oásis são mais numerosos) para melhorar a delimitação de áreas protegidas marinhas pelágicas. A longo prazo, a consideração destes mecanismos vai melhorar as medidas de gestão do espaço dos recursos marinhos e modelos ecossistémicos" in CiênciaHoje

'EL REY' NA CASA DA AMÉRICA LATINA
O projecto EL REY teve início quando Stefan Lechner e Adi Herzer, dois músicos austríacos, se cansaram da rotina da vida no seu país natal e decidiram embarcar numa aventura pela América Latina durante um ano. A ideia foi explorarem a cultura local através da música. Para isso compraram um autocarro escolar e rumaram em direcção ao México. Sem a ajuda de telemóveis ou internet, Stefan e Adi encontraram músicos por toda a parte e, ao longo da viagem, perceberam o poder da música, não só como meio de aproximação entre pessoas de culturas diferentes, mas também como forma de expressão e de luta.
Esta aventura deu origem ao ciclo EL REY, formado por três vertentes: fotografia, música e cinema. Haverá uma visita guiada à exposição EL REY, na CAL, às 12h00 ou às 17h30 do dia 22 de Outubro (mediante inscrição). No dia 24 de Outubro exibiremos o filme EL REY. No dia 31 de Outubro a CAL será palco de um concerto, em que Stefan Lechner apresentará as canções que compôs relacionadas com a viagem.
Leia a entrevista da CAL a Stefan Lechner.
Leia o press kit do projecto EL REY.
Veja vídeos EL REY no YouTube.
VISITAS GUIADAS
22 de Outubro // 12h00 ou 17h30 // Casa da América Latina
Entrada livre, mediante inscrição: dlopes@casamericalatina.pt ou 213947356
Visitas a cargo de Stefan Lechner, autor do projecto EL REY. Organizada pela CAL com a Major Tune, a exposição conta, através de fotografias de viagem, a história do projecto, sendo expostos alguns dos momentos mais marcantes da viagem. Todas as imagens contam uma história e todas as histórias têm uma música associada.
Veja aqui imagens da exposição.
FILME
24 de Outubro // 19h00 // Casa da América Latina // Entrada livre
A Casa da América Latina vai exibir o filme EL REY, às 19h00 do dia 24 de Outubro. À exibição do documentário segue-se um curto debate, em que Stefan Lechner, um dos criadores do projecto EL REY, responderá a questões colocadas pelo público.
Veja aqui o trailer do filme.
CONCERTO
31 de Outubro // 22h00 // Casa da América Latina // Entrada livre
Stefan Lechner, um dos dois viajantes austríacos que partiram de autocarro para uma viagem pela América Central, é um dos protagonistas de um concerto na Casa da América Latina. No espectáculo, Lechner apresentará as canções que compôs com Adi Hirzer ao longo da viagem. Essas músicas estão associadas a episódios da viagem.
Ouça aqui músicas do projecto EL REY.