domingo, 13 de julho de 2014

Ao Domingo Há Música

A Palavra

"Falo da natureza.
E nas minhas palavras vou sentindo
A dureza das pedras,
A frescura das fontes,
O perfume das flores.
Digo, e tenho na voz
O mistério das coisas nomeadas.
Nem preciso de as ver.
Tanto as olhei,
Interroguei,
Analisei
E referi, outrora,
Que nos próprios sinais com que as marquei
As reconheço, agora."
Miguel TorgaDiário X (1968), Ed. Círculo dos Leitores

O assombro , quando nos toma , é sempre inesperado e vinculativo.  Sentimo-lo fortemente. Reconhecemos os próprios sinais porque nos marcam. A invasão é compulsória. Entra, instala-se e comanda. 
Ao ouvir Natalie Dessay em "Oú va la jeune hindoue..." ou  "Air des clochettes", uma ária da ópera “ Lakmé" (1883), de Leo Delibes, ficamos definitivamente em estado de pleno deslumbramento. A voz exige rendição total. Seduz e arrebata pela excepcional maleabilidade e pela grandeza vocálica.

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