quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Algarve

" Foi no mar que aprendi o gosto da forma bela
Ao olhar sem fim o sucessivo
Inchar e desabar da vaga
A bela curva luzidia do seu dorso
O longo espraiar das mãos de espuma"
Sophia de Mello Breyner Andresen," Foi no Mar que aprendi", in " O búzio de Cós e Outros Poemas", Editorial Caminho
                 Praia da Rocha, 12.10.2013

           Praia da Rocha, 12.10.2013

          Praia da Rocha, 12.10.2013
Neste tempo de borrasca intensa, os sítios, os areais , as praias mudam sem que se reconheçam os traços que as definem. Olhar o mar do Algarve, num dia calmo de Outono,  é descobrir o azul límpido de uma água que se espraia, sem pressa,  na exacta indolência que apazigua  e  contagia. Os areais estendem-se pela largueza da costa que se  recorta em enseadas  abertas a pequenas furnas , onde os sons opacos da terra se misturam aos tangíveis gemidos do fundo do mar. Espaços mágicos de  sereias e  fadas marinhas que guardam   histórias fantásticas de encantar.  
Esse é o Algarve outonal que mora junto ao Mar. Belo, brilhante de dias claros e cores intensas. Praias vazias de areias mornas que se oferecem a quem as deseja e procura. 
Esse é o meu Algarve. Esse é o  meu Mar.
Praia da Rocha, 10.02.2014
Praia da Rocha, 10.02.2014
Praia da Rocha, 10.02.2014
O mesmo mar,   num dia deste Inverno irado. Escurecido, enraivecido  revolve e empurra o que se lhe interpõe . Sem  fronteiras que lhe  limitem os movimentos,  segue desregulado.
Os dias de intenso azul  dão lugar à escura e cinzenta vaga que já não afaga o areal. Abrasiva invade-o  e  revolve- o  num rodopio perigoso e fetal.  Dias que se arrastam numa terra que de sol sempre se alimenta. Que tormenta. Que tristeza.
Ah. Mar, mar,  quem  te ama , desespera. 

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