sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quo vadis, Europa?

Zona euro: “Austeridade, o fim de um dogma”
21 novembro 2013, Presseurop, Libération
"Segundo um estudo redigido por Jan in ’t Veld, um economista da Comissão Europeia, as políticas de consolidação orçamental levadas a cabo na Europa nestes últimos anos têm tido efeitos negativos sobre o crescimento e o emprego.
Apesar de a França ter perdido 4,8% do crescimento acumulado entre 2011 e 2013 adianta o Libération, "o triste recorde de perda de riqueza cabe à Grécia: durante este mesmo período, as políticas de austeridade impostas a Atenas terão resultado numa perda de crescimento (sempre num período de três anos) de 8,05%. A Itália, a Espanha e Portugal terão perdido respectivamente o equivalente a 4,9%, 5,4% e 6,9% do PIB. Até mesmo a virtuosa Alemanha foi afectada por estas medidas (2,61%)."
O diário considera que, "apesar de ter sido escrito por um único economista consagrado, o documento que contém o carimbo da Comissão não reflecte apenas a opinião do autor. Este confirma que em Bruxelas, o dogma da austeridade está a desintegrar-se progressivamente até desaparecer por completo. […] Devido à falta de grandes projectos de desenvolvimento, a austeridade mina hoje em dia a economia e alimenta os protestos e o populismo."Presseurop
Malta: Cidadania da UE à venda
13 Novembro 2013,Presseurop,The Times of Malta 
"No dia 12 de Novembro, o Parlamento de Malta aprovou uma lei controversa que permite adquirir a nacionalidade maltesa, incluindo o passaporte e o acesso ao espaço Schengen, por 650 mil euros, adianta o Times of Malta.
A oposição acusou as alterações na lei sobre a cidadania de “prostituir Malta por uma soma exígua de 650 mil euros”, acrescenta o diário, enquanto ocorriam protestos contra a medida em frente ao Parlamento.
A lei deverá agora ser assinada pelo Presidente da República antes de entrar em vigor, acrescenta o Malta Today, que considera que "a atribuição da cidadania através deste processo controverso deverá permitir ao Estado angariar 30 milhões de euros, cuja metade será directamente aplicada no orçamento, […] e os 15 milhões restantes serão investidos num fundo de desenvolvimento nacional – uma injecção que permitirá ao Governo limitar a extensão da tributação indirecta no orçamento mas que o deixará exposto a acusações de desvalorização da cidadania maltesa."
O racismo cria raízes na Europa
18 novembro 2013,La Repubblica Roma
"Quer se tratem de provocações contra uma ministra francesa ou uma colega italiana, de gritos de macaco dirigidos a futebolistas, de islamofobia ou de discriminação contra os ciganos, as atitudes racistas manifestam-se cada vez mais abertamente. Por isso, não se pode ceder um milímetro e há que dar exemplos de pedagogia, defende o escritor Tahar Ben Jelloun.
Por Tahar Ben Jelloun
"O racismo é próprio do homem. É assim e mais vale saber isso e impedir que ele progrida, combatendo-o por meio de leis. Mas não basta. É preciso educar, desmontar os seus mecanismos, provar o carácter absurdo das suas bases e nunca baixar a guarda.
Nos últimos tempos, a sociedade francesa tem sido vista como terreno de um racismo virulento, mas, no fundo não é mais racista do que muitas outras. A rejeição do estrangeiro, daquele que é diferente, daquele que é tido como uma ameaça para a própria segurança é um reflexo universal e nenhuma sociedade lhe escapa. Essa aversão pode, em alguns casos, centrar-se numa comunidade, mas isso não quer dizer que as restantes sejam poupadas. Por outras palavras, não há discriminação no exercício do ódio. Ninguém pode considerar-se a salvo.
Na Europa de hoje, assiste-se a uma série de desvios gravíssimos. Porque o racismo começa pela palavra e pode ir até aos fornos crematórios. Chamar macaca à ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, numa manifestação, em fins de Outubro, contra o casamento de homossexuais é só o começo. Se o permitirmos, será fácil que se passe do insulto ao castigo corporal, à tortura (como no caso do jovem Ilan Halimi) e ao homicídio. É por isso que é preciso recordar que não há formas de racismo light ou descafeinado.
Christiane Taubira teve razão, ao lamentar o facto de nenhum dirigente político ter erguido a voz contra o racismo de que foi vítima. Recentemente, outra ministra sofreu um tratamento análogo: desta vez, em Itália. Trata-se da ministra da Integração, Cecile Kyenge, originária do Congo (Kinshasa), que foi insultada por alguns deputados da Liga do Norte, conhecidos pelo seu apego às ideias racistas. Até no mundo do futebol, jogadores de pele negra também têm sido alvos de um racismo bem enraizado. Quando o chefe de um Governo se permite fazer rir o seu público, falando do “aspecto bronzeado de Obama”, isso equivale a abrir as comportas e a dar àqueles que, antes, não ousavam manifestar abertamente seu racismo, o sinal que os encoraja a cultivar e dar livre vazão às suas ideias nauseabundas.

O racismo é a preguiça mental

É preciso encontrar um culpado. Dantes era o judeu, agora é muçulmano
O facto de, a pouco e pouco, a Europa ter perdido o seu lugar preponderante no mundo, não apenas no plano económico, mas também no plano cultural, favorece um azedume que pode transformar-se em desprezo por tudo o que seja diferente. A Espanha ainda não saneou a sua relação com o Islão. Os imigrantes oriundos do Magrebe são chamadas “mouros”, sabendo-se que esse termo é pejorativo e recorda a triste história da Inquisição. E a crise económica não veio melhorar as coisas. As suas vítimas desconfiam sempre daqueles que são mais pobres do que elas, mais diferentes do que elas. É isso que torna o racismo a atitude fácil perante as provações da vida. É preciso encontrar um culpado. Dantes era o judeu, agora é muçulmano." Presseurop
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