sábado, 19 de outubro de 2013

Notícias da Cultura

" Lugares da infância onde 
sem palavras e sem memória
alguém, talvez eu, brincou
já lá não estão nem lá estou."
           Manuel Pina , in "Lugares de Infância", " Todas as Palavras" Assírio&Alvim
1º Aniversário da morte de Manuel Pina
Manuel Pina, o poeta, o jornalista, o ensaísta, o escritor, morreu há um ano. Deixou-nos uma imensa saudade apenas redimida pela sempre viva obra legada. O Porto, cidade adoptiva do poeta, tem vários eventos para assinalar a data que vão desde a celebração de uma missa, a entrega do Diploma do Prémio Camões à apresentação de um livro com retratos de Manuel Pina da autoria de Agostinho dos Santos e com textos  de  vários amigos do poeta.
(...)Houve tempo... e em verdade eu vos digo: havia tempo
Tempo para a peteca e tempo para o soneto
Tempo para trabalhar e para dar tempo ao tempo
Tempo para envelhecer sem ficar obsoleto...
Eis por que, para que volte o tempo, e o sonho, e a rima 

Eu fiz, de humor irônico, esta poesia acima." Vinicius de Moraes, in " A Cidade Antiga"

Vinicius de Moraes nasceu há cem anos
Em 1913, no dia 19 de Outubro  na Rua Lopes Quintas nº114, no bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro nasceu Marcus Vinitius da Cruz de Melo Moraes (apenas aos nove anos regista o nome  Vinicius de Moraes),  filho de Lydia Cruz de Moraes e de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes.
Com um singular percurso de vida,  foi  diplomata, jornalista, poeta, cantor e compositor. Homem de grande carisma, viveu uma vida agitada por grandes causas e ideais em que a luta pela liberdade o obrigou ao exílio no nosso país, no tempo sujo do Brasil. A vasta obra que nos legou é rica e variada.
Morreu a 19 de Julho de  1980, no Rio de Janeiro.
Língua portuguesa, língua de ciência
“A propósito da 2ª Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que terá lugar em Lisboa, no final deste mês,nos próximos dias 29 e 30, tendo como tema a Língua Portuguesa Global - Internacionalização, Ciência e Inovação, o Professor Ivo Castro, Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa e Presidente da Comissão Científica do 1º segmento desta Conferência, reflecte,  no destacável Camões nº 196, sobre a relevância da língua portuguesa enquanto língua de ciência – tópico que norteará o encontro de eminentes académicos..”Instituto Camões - Encarte Camões 196, 16 de Outubro de 2013
Prémio Fernando Namora 2013 
José Eduardo Agualusa foi o vencedor do Prémio Fernando Namora 2013 com a sua obra Teoria Geral do Esquecimento. A acção desta obra decorre em Luanda e começa nas vésperas da proclamação da independência, no dia 11 de Novembro de 1975, quando uma mulher portuguesa decide erguer um muro que a separa do edifício onde mora, acabando por sobreviver isolada durante cerca de 30 anos.
Prémio Man Booker
A neozelandesa Eleanor Catton, de 28 anos, convenceu o júri com as 832 páginas de The Luminaries, um romance de mistério situado na Nova Zelândia de meados do século XIX.
O prémio Man Booker foi atribuído esta terça-feira a Luminaries, de Eleanor Catton, uma neozelandesa de 28 anos que bateu alguns adversários de peso, como o britânico Jim Crace ou o irlandês Colm Tóibin, ambos frequentadores habituais das listas de finalistas do prémio.
Catton não só é a mais nova vencedora de sempre, como triunfou com o romance mais longo alguma vez premiado desde a fundação do Booker, em 1969. Espécie de versão pós-moderna de uma “sensation novel” vitoriana ao estilo de Wilkie Collins, The Luminaries é um calhamaço de 832 páginas que conta uma história de crime e mistério, usando como cenário a corrida ao ouro na Nova Zelândia de meados do século XIX.
Numa cerimónia transmitida em directo na televisão, durante a qual o presidente do júri, Robert Macfarlane, começou por lembrar os seis romances finalistas e fez preceder o anúncio da obra vencedora da clássica deixa usada na gala dos Óscares — “and the winner is…” —, Eleanor Catton acabou a receber o prémio das mãos de Camilla Parker Bowles, duquesa da Cornualha.
Este Man Booker 2013, com uma dotação pecuniária de cerca de 60 mil euros, tem o simbolismo adicional de ser o último ao qual só puderam concorrer autores do Reino Unido, da Irlanda e de países da Commonwealth. Já a partir da próxima edição, o prémio vai abrir-se aos escritores dos Estados Unidos e a autores de quaisquer outras nacionalidades, exigindo-se apenas que as obras candidatas tenham sido originalmente publicadas em inglês.
Não fora o já longínquo precedente de Keri Hulme, uma autora de ascendência inglesa e maori que ganhou o Booker em 1985 com The Bone People, e Eleanor Catton ter-se-ia ainda tornado a primeira escritora a levar o prémio para a Nova Zelândia.
Apesar da sua juventude, pode dizer-se que, mesmo antes desta consagração, Catton era já uma autora conhecida. Embora só tenha um romance anterior, composto aos 23 anos como tese de mestrado num curso de escrita criativa, esse seu livro de estreia, The Rehearsal (2008), foi muito elogiado pela crítica, integrou a lista de finalistas dos prémios Orange e Dylan Thomas e foi traduzido numa dúzia de línguas. Em Portugal, O Ensaio foi publicado pela editora Gradiva.
Após o sucesso de The Rehearsal, que abordava as reacções a um affaire entre um professor e uma aluna do ensino secundário, Catton começou a escrever The Luminaries aos 25 anos. Completou-o aos 27, e o prémio que agora lhe foi atribuído sugere que passou com distinção o clássico teste do segundo livro, demonstrando que The Rehearsal não passara mesmo de um ensaio.
Nascida no Canadá em 1985  — o seu pai, neozelandês, estava a concluir o doutoramento em Ontário —,  Eleanor regressou com a família à Nova Zelândia quando tinha seis anos e cresceu em Christchurch, no Sul do país. Vive agora em Auckland, no Norte, onde ensina escrita criativa.
Ao anunciá-lo como vencedor do Man Booker 2013, Robert Macfarlane descreveu The Luminaries como um trabalho “deslumbrante, luminoso, vasto”, um livro no qual o leitor se “pode por vezes sentir perdido”, mas que é “minuciosamente estruturado”.
Sublinhando o virtuosismo da autora, Macfarlane garante, todavia, que o livro não é “um extenso exercício literário”, mas um “romance com coração”. E está convencido de que a sua invulgar extensão não afastará os leitores. “O tamanho nunca é problema quando se trata de um grande romance”, disse o presidente do júri, que se mostrou impressionado com a precocidade de Catton: “A maturidade é evidente em casa frase, nos ritmos e equilíbrios, e o domínio da narrativa é espantoso.”
A acção do livro decorre em 1866, numa povoação da costa oeste de South Island, a maior (e menos populosa) das duas principais ilhas que constituem a Nova Zelândia. Numa noite tempestuosa, Walter Moody, acabado de desembarcar, aloja-se na primeira estalagem que lhe aparece e dá de caras com uma ecléctica assembleia de 12 homens. Com origens geográficas e sociais muito diversas, o grupo inclui um chulo, um político, um garimpeiro, um traficante de ópio, um leitor de sinas e um carcereiro, entre outros. Já o estranho segredo que une estes homens envolve uma prostituta que terá tentado matar-se, um bêbado que está mesmo morto, uma apreciável fortuna em ouro, um jovem desaparecido e, na melhor tradição do romance de sensação oitocentista, um antro de ópio.
Robert Macfarlane sugere que Catton cruza Wilkie Collins – autor de A Pedra da Lua, obra pioneira da ficção policial, e de A Mulher de Branco, romance pioneiro no recurso a múltiplos narradores – e Herman Melville, autor de Moby Dick, um dos grandes romances fundadores da literatura americana. No jornal Telegraph, Gaby Wood, centrando-se mais na inovadora estrutura narrativa, vê em The Luminaries um encontro entre Wilkie Collins e Georges Perec, o autor experimentalista francês do grupo Oulipo.”Público

Os desenhos de Siza Vieira para as palavras de Bastide
A Casinha dos Prazeres é o livro que inaugura a colecção Espécies de Espaços (editora Abysmo). A ideia de Susana Oliveira, professora de Desenho da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, é juntar os traços dos arquitectos às palavras dos escritores. O volume de estreia mistura a escrita barroca do autor francês do século XVIII Jean-François Bastide com o traço depurado do arquitecto Siza Vieira. Os desenhos estão expostos no espaço da galeria da editora Abysmo (Rua da Horta Seca, 40, R/C, Lisboa) até 30 de Outubro.

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